quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

la petite papilon

ele não veio...

este ano no natal
ele não veio me ver
foi a chuva! culpa dela!
que chorou suas lágrimas sem parar...

este ano são paulo não era paris
e depois de cinco anos ao lado dele
foi um vazio que sentou ao meu lado na hora da ceia

culpa da moto nova dele
da falta de dinheiro
da minha fuga francesa

já não somos mais...

e somos tanto...

somos até mais que mais...

porque o pra sempre agora
é agora pra sempre sempre

ele ainda me ama
e eu o amo ainda

e na falta e no vazio
afirmo o tal ditado

amor quando é amor
é para sempre e é eterno!

viva viva essa tal eternidade do amar!

pedido para os anjos do natal

este ano coloquei no correio
desejos secretos
para o outro lado do oceano
e pedi aos meus anjinhos
que carregassem com amor e cuidado
esta parte que de mim parte
e que os desejos desejados
se realizem na força da vontade

se quero o muito
quero tudo e muito mais
e abro os braços e o coração
para poder bem alto voar...

que venha vida ó vida
a me levar,

mil vezes ou mais estou pronta para me doar!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

emilio e maria lucia

plagiando mister allen

alice: com quantas mulheres você já transou?
joe: o bastante.
alice: ah é? puxa...
joe: oh yes! mas nenhuma delas queria ser freira como você...

tempo e retrato

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

nova fase

o silêncio em mim
inaugura nova fase

é presença sentida
no meu espaço vazio

a poesia tem agora
novas palavras de
um silêncio que
arranha minha pele
ferida

que é presença
preesentida
e ainda esperada...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

uma nova janela para abrir e olhar o mundo



foto.flávialorenzi.parisruedubac1102emeetageadroite.08

esse cheiro de coisa sem nome

e então
era agora esse cheiro de mar
em plena cidade aberta
esse cheiro de alcool
em mais uma manhã cinza pálida

e procuro incessantemente
algum tipo de significado
significância
por que não existe algum
e eu estou cansada demais,

enfim
era assim esse cheiro de flor
que vinha do cemitério ao lado
de violetas de mortes passadas
e amarelo de um novo amanhã

e qual seria esse meu talento
e onde estaria esse meu amor?

novo amor
vem logo me encontrar
o vazio me afoga
e eu nado nada
nas suas correntes frias de ar

sou quem?
pra quem?
a que horas?
em qual estação?

mais uma manhã fria em são paulo

em paris

ainda chora um inverno gelado

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

você...

estranho seria se eu não me apaixonasse por você...

a manhã

sutileza e delicadeza são duas fadas da madrugada
a cidade é cinza branco de uma melancolia latina
acordar pra dentro é sonhar acordado
sou muito mais larga e espaçada
não me encontro mais nesses contornos
sou uma fada caída sem asas
estou procurando...

sutileza



foto.flavialorenzi.muséegustavmonreau.paris08

delicadeza



foto:flavialorenzi.museugustavmoreauparis08

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

minha são paulo

em são paulo

tudo corre

na mesma direção

eu aqui

sou eu

mais do que em qualquer outro lugar

minha casa

é cinza e feia

nasci aqui

e amo

amo são paulo

terra minha

estavam ainda todos aqui

nos mesmos lugares

e pude percebe então

parte minha que aqui ficou

e ficou

existindo

em outros corpos

que me esperavam...

eu continuei

cinza branco triste

enfim

como vou fazer pra denovo partir?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

...

ainda continuo com muito de morrer...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

la nege

na terra de sartre e simone, ontem lá do céu, choveram flores brancas de papel
o frio traz a neve, e enbranquece de melancolia as ruas gélidas de lutece.
meus olhos de criança, olharam pela primeira vez, a beleza lúdica de um choro
brando e branco que o céu despeja quando o vento congela e corta as entranhas dos homens que aqui embaixo caminham pela vida...

eu vi a neve ontem com um sorriso de criança no coração...

eu chorei as horas em que ele não veio,
e chorei todos os telefonemas que ele não fez...

eu teimo ainda (e sempre) em acreditar no amor.

a felicidade é busca de cada passo dado...

sorriso que surge do mesmo lugar que surge a mais sentida lágrima.

eu aceito. eu afirmo. eu caminho.

aqui nesta terra onde sou estrangeira, aprendo a olhar, a falar, a pensar.

aqui nesta terra estrangeira, da onde vejo de longe aquilo que é meu,
aprendo a afrancesar um pouco os gestos languidos das minhas mãos...
procurando novas maneiras de falar palavras e escrever as linhas...

sou aquilo que sou...
ás vezes tão dificil de ser,
ser mulher, estar só, conhecer a neve,
tantos novos amigos e lugares e possibilidades...

ainda pedalo a minha bicicleta, e o vento gela a minha alma
me sinto viva!

queria me deitar com picasso...

simone e sartre...

e inventar romances e cantar gainsbourg...

e escrever poesias de rimbaud...

e voltar no tempo para ver 68 acontecer...

e mais ainda...

para ver os romantistas revolucionarem...

e fumar ópio com baudelaire...

ontem em paris a neve caiu do céu como flocos de papel...

e o meu caminho está cheio de anjos...

e o meu sorriso cheio de flores...

mas ele... ainda não veio me aquecer...

talvez eu o esqueça...

por que o tempo leva nele...

tudo aquilo que muito se espera...

as flores em paris estão em silêncio adormecido...

as folhas caíram todas no chão, que ficou amarelo triste de tanto choro chorado,

é tempo de recolhimento,

de deitar em camas mornas de melancolia,

mas eu gosto do cinza parisino,

das suas pontes que atravessam as águas do sena...

da linda e branca notre dame...

das livrarias... e dos chapéus das moças...

é tempo de espera,

a primavera é o novo lugar,

em que eu espero sonhar...

quero amar,

todos aqueles em que eu reverberar...

quero romper, quebrar, facetar... multifacetar

a imagem conhecida, pré concebida...

quero me reconhecer...

quero conhecer tudo de novo,

reaprender a sentir, a amar, a chorar, a estar...

a cada passo dado... uma vida vivida...

eu sou aquela que eu sou.

que olha e sente e ama e chora e pensa e fala.

eterna estrangeira de mim mesma,

passeio dentro de mim e dos meus pensamentos,

paris sou eu.

o desconhecido é o meu próprio corpo,

território sempre vasto,

para ir sempre além,

na busca de redescobrir-se...

para poder perder-se

e assim nunca saber...

e sempre se surpreender...

por que ás vezes no céu...

as lágrimas são brancas...

e no café da esquina...

um novo sartre e uma nova simone...

e cores de picasso inspiram...

e um novo amor que canta, surgirá enfim...

ah! a primavera... que sonha todo o meu corpo...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Le Printemps à Barcelone

J’ai acheté un petit cahier bleu
Pour dérouler dedans
Des serpentins de solitudes
De cent ans de bleu
Dans les rues à colorer
Ma pensée
De jeune fille
Qui danse et danse
Dans le salon
À pleurer et à tourner
Des heures infinies à dérouler
Des serpentins
Beaucoup entre eux
Se perdent
Dans les années éternelles
D’une solitude qui
Ne finit pas

Mon âme !

Et l’on se retrouve seulement
au point d’un crayon bleu
Bleu comme la mère de la ville de Barcelone
Que je regarde avec mes yeux
Pleins de larmes blanches
Et mon cœur qui ressent toujours
L’absence de ton corps

La Parole

Comme la parole est belle
Lorsqu’elle sort de notre cœur
Lorsqu’elle glisse de notre dedans
Et se répand sur le papier
Comme la parole est belle
Quand elle est larmes mouillée
La parole qui est aussi cri
En plusieurs autres langues
Loin de son origine

Bretagne

Je t’écris chaque jour
De nouvelles paroles
En t’attendent,
Toi.
Car, comme Pénélope et Ariane
J’attends
Silence plein de bruit et d’orages
Vent qui coupe mon âme
J’ai peur que tu ne reviennes pas
Vers moi.
Et dans un silence étourdissant,
C’est moi qui tisse
Ta nouvelle couverture
Avec un calme furieux
Nourriture de chaque instante
Je t’ai donc choisi toi,
Pour te servir
Et si je n’arrête jamais de tisser
Ce fil,
C’est parce qu’il y a en lui
Le chemin de ton retour
Puisque j’ai vu avec mes yeux
Puisque j’ai ressenti dans ma peau
Puisque la vérité, c’est toujours une vérité
Car les femmes sont toujours celles
Qui attendent…

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

L'Aube

L’aube

Je vais manger ton nom
Je vais engloutir ton image
Je vais laisser
Ce qui reste de toi
Enfoui au fond de moi
Pour me mentir à moi-même
Et de cette manière croire que
Je t’oublie
Et même
Que je ne t’ai jamais connu
Et de cette façon
Tu continues
À l’inversé
À exister encore
Sur mon lit vide
Pendant toute l’aube en pleures

Pauvre de mon cœur qui ne se couche plus.

beija a mim

ah...
se pudesse minha voz
atravessar os
arrondisments parisinos...
do sexto ao treze...
do segundo andar ao sexto...
se as minhas palavras em português
se transformassem em poesia francesa
eu gritaria assim alto
para que tu voltasses
beija a mim...
meu bem...
coloeur café...
a sua cama quente
o seu corpo magro
a sua boca ardente
a sua música sem tradução
a sua biblioteca infinda
de melancolias...
a sua vista azul inesquecivel...
o pantheon...
la tour eiffel
o seu cheiro bom...
as suas imagens miticas
eu e vc...
o nosso café da manhã
os sorrisos
as frases desentendidas
e o silêncio que tudo dizia
os dias de verão
baudelaire
e suas flores do mal
mensagens subliminares
tentação
o sumiço
na última noite quente dessa estação
a porta que se fechou
do mêtro mais longo que eu peguei...
ah...
volta...
beija a mim...
estou a esperar...
meu pequeno anjo...
atende esse meu pedido
e me traz de volta
o paraíso quente
desse beijo
francês...
antes ainda da minha partida!
amém

não sei mais

já nem sei mais dizer
por que assim passou
e ainda passa
dias e dias
penso ainda
em você
ainda e mais
e cada vez mais
sem saber
não sei mais
dizer palavras
você
não veio
mais me ver

você foi... adeus!

Você menino
Foi o meu maior não
O meu mais longo adeus
Que não me disse até logo
E me deixou
Vazia de você

Você que me apareceu
Em um dia longe de verão
Me chegou rápido demais
Este frio de inverno

Você me deixou
Vazia de você.

domingo, 16 de novembro de 2008

os surrealistas

Então existiram os surrealistas. E uma hora, mas precisamente as dez horas da noite de um dia frio de novembro em Paris, sim sim, Paris, que ainda existia, existe ainda, acreditem : Paris, nesta hora, as dez da noite de um outono parisino, de folhas caídas no chão, a pulsão era o mais importante. Eles vem e eles vão. Eu sou igual a todas as outras. Ainda me lembro. De tantos momentos não tão distantes de mim. Das flores do meu jardim. Do caminho até o elevador. Das pedras vermelhas na parede. Do barulho da rua paulista. Do vento da chuva e da feira aos sábados. Mas aqui em Paris, as folhas estão todas no chão. É outono. Aos domingos eu vou ao museu e pratico italiano. As vezes, no mais estou praticando francês o tanto quanto eu posso. E ainda sinto uma falta tremenda. (dele.) Que esfolada no meu peito! Que sangra sangra sangra sangra sangra sangra, sangra, sangue, sangue sangue. A onde estava você ? Antes. Antes. D’eu te existir. Te dar-te a existência mais pura de mim. E eu sei tanto que você existe. Os caminhos das suas linhas. A verdade quando é de verdade vem vestida de ilusão. Estou a parir a cada dia mais uma fêmea de mim. Que dores de parto que sinto a cada manhã! Que força estranha vou conhecendo de mim. Que sexo pulsante que vai me possuindo. Ela dança. Ela dança. E gira e gira. Ela dança ainda. Mesmo no escuro. Mesmo com medo. Mesmo pecando. Ela dança. Ela deita. Mesmo com medo. Mesmo sorrindo. Ela chora. Lá do fundo, da onde vem o mais lindo sorriso escorre a mais vermelha das lágrimas. Choro incontido que canta nas minhas horas esse outono novo. De folhas amarelas no chão. De meninos que vem e vão. Ainda escuto Coco Rosie. Que me lembra o meu Camino. E Lyon. E ele, que me cantou cantando aquela última da CocoRosie. Será que ele nunca mais sentiu vontade ? Queria tanto que ele sentisse tanta tanta tanta tanta tanta tanta tanta tanta tanta vontade que explodisse em mil estaladas no meu telefone me dizendo vem vem vem vem vem vem vem vem dançar aqui! E eu ia eu ia eu ia eu ia eu vou ! Será que sou eu a pobre Helena de Demetrius ? Que chora e lhe implora. Será que não terei nunca mais o amor incontestável de Lizandro e Hernia ? Pobre Helena de Atenas de um sonho de uma noite de verão… Que venha meu bom Puck jogar-te a poção nesses olhos que não me olham. Que me venha do céu, dos mares, das florestas, de dentro e de fora, de baixo e de cima, que venha, que venha e me tome, me carregue, mas me proteja, me coloque, me retorne, me torne, me entorte, mas me ame, e me proteja, mas que venha, mesmo se forte que me possua.

Em quantos espelhos terei eu que procurar a face perdida de mim? Se já não posso mais sorrir inocente. Se conheço já todas as armas do jogo. Se já aprendo a jogar.

Queria eu somente o sopro dos anjos nos meus cabelos. E mãos de fadas no meu coração. O canto das almas que voam.

Será que existe algo… que ainda não sabemos chamar… por algum código nominal ? Um físico hoje, durante a tarde, de um passeio frio pelo Quartier Latin, me disse que no universo há muitas milhões de partículas sem nomes sem explicação sem nenhum entendimento nominal e que ele, ele menino de tudo, está tentando entender o que são… essas partículas minúsculas, que nos atravessam, mas de uma forma tão rápida e indolor, que não é possível conhecer. O desconhecido,

Ele disse também que há pelo menos 40% de coisas jogadas no universo que ninguém sabe dizer o que é.

Mas o universo está sim e continuará ainda por um bom tempo em uma tremenda expansão.

Continua. Constante. Pulsante.

E que o sol, estrela mais poderosa e cheia de vida e vontade está entrando agora justamente na sua metade. Metade de vida. E eu achei isso bonito. Estar vivendo agora a maturidade solar da sua vontade de existir, existindo eu em Paris. Neste outono das folhas amarelas que tomam o chão como um lindo carpete (e eu falo francês.) Petit à petit.

E nas aulas de história vou descobrindo que apesar da constante expansão do espaço universal, aqui a onde há terra e pés no chão a expansão é em cambalhotas que retornam sempre. O eterno retorno daquilo que sempre continua continua continua… acontecimento permanente do mesmo novo aquele mesmo de sempre que é sempre um outro nunca o mesmo sendo sempre o único e não um outro.

E continuo andando. Andando. Andando. E te procurando. Você que ainda eu não conheço. Mas que tanto já quero. E saindo do metrô as sete da manhã na Place de La Concorde, eu atravesso a ponte, mas paro antes para contemplar ao fundo o mais lindo cartão postal que existe. Minha querida Notre Dame. Paris. E respiro. Respiro. E não entendo e por isso continuo.

sábado, 15 de novembro de 2008

ah...

ah... se não escutas, escutas...
com o coração, pois só este não é de fato surdo e enxerga além
saber de onde vem as causas dos ahs ais que nos tomam,
é quase querer saber da onde vem deus...
é segredo e não se pode saber...
quando escutas um "ah..." que te puxas, vá e segues com ele,
sem medo e sem perguntar,
os olhos não mentem.
não sei da onde veio o meu ah...
não veio
atravessou-me
como vento
e dei-o a ti,
para tira-lo de mim
e dividi-lo...
assim
mas deus
esta sempre além olhando
em silêncio
os olhos que olham
amor...
assim
vc
existe
ainda
aqui!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

capitulos

A onde estará Paris?

Começo aqui, essa história, que é minha e dela e que agora passa a ser sua.
Divido-a com você e espero nesse encontro, encontrar abrigo e ouvidos, mas já lhe digo antes de seguir adiante nas próximas páginas que virão, que nada há de extraordinário, nenhum assassinato a ser desvendado, nenhuma grande culpa, ninguém virá salvar o mundo e os amores são como os de sempre, com começo, meio e um doloroso fim. Então meu caro amigo, confesso já no inicio da nossa relação, que esse texto segue na necessidade vital desta que o escreve de transformar fatos em imagens, realidade em poesia, vida em história. Que desde muito nova, Alice não gostava de ser de verdade e inventava em silêncio várias outras pra se fazer uma nova imagem. Com cabelos escorridos, acastanhados e com mechas louras que reluziam ao sol, Alice tinha franja pesada que quase encobriam os pequenos olhos da menina, que eram meio puxadinhos, profundos e fundos, cheios de histórias da imaginação. Com muita dificuldade de se fazer entender, Alice preferia os passeios solitários que dava em cima da sua bicicleta azul ao redor da grande casa. Se estivesse sozinha, poderia estar a onde quisesse e com certeza ela não queria estar onde estava, queria estar um pouco mais ali, um pouco mais adiante, em um outro lugar, quem sabe: Paris!

sábado, 1 de novembro de 2008

o homem

o homem decidiu caminhar. pegou um mapa. escolheu seu destinho. contornou com caneta vermelha sua rota. ia partir, já estava tarde. não ia levar quase nada na mala. levava tudo nas costas. e nas mãos. deixava saudades. deixava uma parte. fechava as portas. as janelas para que a chuva não entrasse. passava as chaves nas trincas. esvaziava os armários. queria a estrada. a caminhada era sua rota de fuga. ou de busca. faria tudo em silêncio. sem perguntas. sem respostas. sem despedidas. andava pra longe. já na estrada. que era longa. ampla. e cheia de horizontes obscuro. era preciso redobrar a atenção. a decisão já havia sido feita. o que restava a ele, ao homem, eram pés, pernas e coração. tentaria seguir reto e sempre. não faria muitas paradas. e não teria arrependimentos. também não pensaria. iria arranjar mecanismos para não sentir. lutaria com as suas lembranças. sufocaria a memória. a imagem. dela. ela. nua. de costas. de frente. de lado. de olho aberto. de olho fechado. rasgaria tudo. não iria lembrar. até já estar tão longe que não se possa voltar. não iria se lembrar. asfixiaria cada tentativa de retorno. cada tentativa da sua memória em trazer de novo o cheiro. a voz. o sorriso. os ecos. os medos. não entraria em contato. seguiria em frente. reto. direto. sem curvas. sem graça. sem molejo. sem saudades.
era um homem. um homem da terra, cuja as decisões são duras e firmes. nada o abalaria. ela. dela ele não saberia mais. não ia procurar nos jornais. não ia atender telefone. responder cartas. mandar telegrama. ela, ele ia matar aos poucos. decisão concreta. aos poucos. sem pressa. até não existir mais ar. até ela parar de respirar. sem peso. sem dor. sentindo toda a dor do mundo. a cada passo. a cada dia de decisão. o tempo seria seu grande descanso. a estrada sua namorada. seus cabelos cresceriam. sua barba se torna tempo passado. suas mãos calejadas. o vento que bate. o passo que afasta. a memória que apaga. e depois de muito tempo. em um dia cinza claro, uma cor. uma flor. amarela. toda ela. algo apertou. dentro dele. tentou entender. já não lembrava. sentiu esse aperto somente. essa dor. e parou. viu que era triste. que tinha uma dor. mas se esquecera por que.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ouvi dizer

Ouvi dizer que vai nevar em Paris!

E teve sim uma época em que eu gostava de Rita Lee, essa época já faz tempo, foi em outro verão, outro inverno longe desse, que é agora mesmo tão novo, tão desconhecido como fora outrora o verão de Rita o inverno Lee que passou trazendo mesmo assim sentimentos não antes sentidos. Talvez sentir sentimento seja sempre novo e desconhecido e ler Clarice talvez seja assim ler sempre o novo do que já sabemos de nós.

Ele nunca mais ligou, desde a despedida no mêtro, onde ele anunciou-me o inverno encapotado em seu comprimido mantô, e eu ainda não sabia que estava assim tão próximo o frio de mim. E estava.

Meu computador agora escreve em francês e acha assim todas as minhas palavras erradas. Isso por que muito depois do tempo em que eu gostava de escutar Rita Lee eu decidi vir a Paris.

Ele não fala a minha língua. Eu não conheço as suas palavras. Eu não sei a onde ele está agora. E eu não sei como chama-lo de volta.

Queria eu ser artista, dessas que pensam, que entendem. Que são incompreendidas. Que fazem sucesso póstumo. Que enlouquecem de amor Claudel Camille Rodin, Picassianas…. Apaixonadas por deuses. Mulheres. Não sei se sou artista. Mas gosto de pensar que um dia serei. Para impressionar papai e suas estátuas de Brecheret que choram em silêncio no jardim da Quarto Centenário.

Teve um dia em minha vida que eu ouvia walkmen no quarto escuro e fumava cigarro de menta escondido, foi até antes mesmo da época de escutar Rita Lee, lá eu escutava Marina Lima e Lobão, essa noite não. Mas logo logo depois Lança Perfume e todos os amores do mundo eram possíveis. Hoje não. O verão aqui acabou. Ele, eu não sei se volta. Mas desejo ainda dançar um último tango em Paris. E danço. Enquanto há chuva lá fora. Palavras correm nas veias poetas. Paris surpresa. Tão diferente.Eu de mim mesma. A mesma que ouvia Rita Lee.

Queria eu ser grande e escrever histórias e sofrer bastante e ter a poesia como aliada.

E descobrimos outro dia mesmo aqui na França, e ao mesmo tempo no Brasil, nós que aqui pensamos. E os já ficaram muito tempo neste mesmo lugar a pensar e também vão pensar assim os que estão por vir, que a vida, essa que passa pelos os olhos nossos, a vida meus amigos, não faz sentido nenhum ! (nenhum ?) E a grande angústia é a de tentar a cada dia dar um sentido quando mesmo assim importante para nossa real insignificante existência !Triste ? Era um pouco mais fácil na época da Rita, sim com certeza, mas lá mesmo, na época Lee Lee, achava eu, insuportavelmente sofrida minha existência incompreendida por todos ao me redor. Existir. Pode ser assim mesmo tão cruel ? Será então melancolia ? Será então o que ? Será Paris e sua a chuva bellepersonne? A solidão! Mais nova companheira mesmo ao redor de tantos. Novos. Novas. Eu sou cada vez mais só. Maior. Não não… a vida é mesmo assim. Sem sentido, cor de cinza inverno.

Mesmo ele não ligando. Não vindo. E mesmo mesmo se ele não mais quiser. Nem um outro tango em Paris. Ainda tenho minhas horas de sono sonhando bom. Com grandes vestidos de cor azul e boas risadas em companhia de outras tão forte, como eu, amigas. Onde posso encontrar novas forças e a beleza que me apaixona os olhos. E a confiança na primavera que sempre chega mesmo quando o frio parece eterno.

Paris Paris grande amiga e companheira durmo em seus braços e ainda espero ser levada. A falta de sentido é justamente onde mora o caminho. De alguma outra coisa que não se pode dizer em palavras e por isso dizemos que não há sentido. Mas há a beleza e ela esta sempre lá, aqui e aí. E ainda há amanhã. E logo logo esse inverno passa. Como passou a Rita. Como passou o camino. Os girassóis. Os cigarros de menta. O medo do escuro. Os amores escondidos. As lágrimas escorridas. A raiva sentida. A paixão que levita. E tudo fica. Escrito aqui nas minhas linhas e tudo isso vira. Aquilo que enxergo da minha fotografia.

No rádio o homem fala francês.As pessoas na rua também. Até eu ás vezes tenho falado francês.

Hoje fui ao Pantheon. Coisa mais linda. Ver tantos homens mortos que um dia sonharam além. E escreveram idéias em forma de palavra e tentaram mudar o mundo. Voltaire, que tinha ciúmes de Rousseau. Zola que acusou. Jaures. Que era até então para mim nome de uma estação. Victor Hugo que também ali estava. E o relógio de Foucault. E também ouvi e vi novos jovens do teatro, já mais tarde, não mais no Pantheon. Tão bonito ver artistas novos. Nossos contemporâneos. E também falei com papai no telefone e me deu saudade da época em que a gente estava mais perto, aquela época da Rita Lee, e do vestido branco da festa de 15 anos. Já faz tempo esse tempo. Já passou muita coisa, quase 15 anos…

ih minha mãe agora vai me dizer que eu já estou velha, que devo logo logo dar um sentido na vida, talvez mamãe ainda não saiba, ou ninguém disse a ela, que a vida, lembra daquilo que eu falei sobre a vida… minha mãe quer logo me dar sentido, filhos, marido e profissão, um alguém para desfilar por aí e dizer que é essa a Flávia que eu bem virei e assim ela poder dormir tranqüila, triste vai ser quando ela descobrir que nem assim ela vai conseguir aplacar a angústia de seu coração, justamente por causa da descoberta que fizemos outro dia sobre a vida, aqui na França e também no Brasil e talvez em outros lugares, e que já fizeram esses outros poetas que aqui habitaram em outras épocas, que convivem ainda como fantasmas coloridos pelas ruas históricas da mais bela cidade do mundo que mesmo na chuva fria e cinza, mesmo sem tocar meu telefone, amor interrompido sem eu entender por que não beija mais a mim. Ainda sim és paris a mais bela. E sou eu ainda a mesma outra pequena e grande, forte e frágil, inteira e multifacetada. Bailarina atrapalhada. Em lágrimas de saudades e arroubos de vontade de ser além. Nova temporada. Ainda tenho tempo e caminho em terras estrangeiras. Ainda há uma nova música e um outro novo tango na mais nova paris. De amanhã.

Obs:Me despeço ao som de Blue Moon que por acaso canta deliciosamente no meu rádio francês enquanto vos escrevo essas linhas carregadas de saudades, fazendo três graus nas ruas parisinas com promessa de neve para o próximo fim de semana!

Carpe diem!
Amo logo
Sinto
Sinto logo
Existo!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

volta!

queria que você ligasse
com saudades
mas nem sei se sentes
essa coisa assim tão minha de sentir
queria mesmo que você ligasse
ainda essa semana próxima
vou rezar pra que você ligue
e que ainda esteja com saudades
pra que você ainda me queira
um pouco mais e muito então
vou fazer pensamentos positivos
vou pedir pro meu anjo
soprar meu nome em seus ouvidos
vou cantar canto de sereia
vou fazer feitiço
pra que gostes de mim
como gosto de ti
vou pedir em voz alta
vou repetir seu nome
um milhão de vezes
vou contar as horas
vou acreditar que voltas

e se não voltares

ah meu bem

que pena

que peninha de você...

pois vai perder

um grande amor

de cama larga

de tudo a dar-te

vais perder

por que vou me dar ao primeiro que aparecer

para afogar essa dor da desilusão

e então se voltares atrasado

ah que pena

que peninha de você

vou ter que dizer

cortem-lhe a cabeça

chegou tarde

este alguém!

a crise

então é certo,
ha mesmo uma certa crise
que ronda o globo azul...
crise!
crise interna
crise externa
a frança esta em crise
os eua e sao paulo também
minha mãe esta crise
meu ex marido esta em crise
o teatro brasileiro está em crise
meus amigos estão todos em crise
o retorno de saturno esta em crise
minha empregada esta em crise
parece até que aquele menino
que disse que ligava no começo da semana
está também em crise
crise crise crise
será que crise cria algo novo na mente da gente?
o que fazer em épocas de crise????
e existiu alguma época sem crise?
será que você está em crise?
crise de adolescência
crise de amor não correspondido
crise de telefone que não toca
crise de carência
crise vocacional
já fez um teste?
eles sempre erram!
crise existencial???
freud explica
explica nada
nada explica
tudo expia
onde está a saída?
onde eu acendo a luz!?
dá pra parar tudo que eu quero de descer,
é que seilá...
to meio em crise
e em francês com uma bela pronuncia fica assim
j'ai une crise d'angoise!
c'est mignon quand même!
e viva viva...
que daqui a pouco tudo fica normal...
a gente se acostuma
na crise...
o sol vai continuar a raiar...
e por enquanto euzinha
durmo em camas parisinas
de crises outras
outras minhas
mas aqui não se preocupe meu amigo
tá tudo em crise
igualzinho aí!

criança!

então ficaste assim
a ler-te poemas pra mim
em voz alta
a longa distância
se mostrando assim
toda a dor
que sentes
na espera
do outro
que não veio
e me achas o que?
capaz de te amar assim
achas?
criança!
que eu amo,
assim,
assim
com dor aqui!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

existance


Je me sens écrasée d'exister...

Est-ce que tu entends ce silence?

Vous

vous êtes ce que vous êtes,
et ça m'enchante

utopie

les yeux fermées toujours!

la grande angoise

si l'homme n'est plus le centre de la creation
la terre est un planet perdue dans l'imensite.

Solitude!


Já sei tão pouco agora
Que não sei mais
Agora o que sei é que
Sabe mais a vida de mim
Do que eu da vida que tenho
E me encontro fraca,
calada e amputada
E por isso me perco
Alice desesperada
Mas afogo o grito
Dentro da boca
Não há outro alguém
E o barulho da minha voz
me aborrece...
Há um outro alguém
Ele vem de tempos em tempos
E me confunde as certezas
Em Paris o céu chora
A chuva cinza
A solidão é personagem
Do meu mais novo romance
Que lê em minhas páginas
As novas formas de um corpo feminino
A chuva cala
E traz em seu pranto
A unidade repleta
Do solo!

movimentos

Passiva como os espelhos
E quanto já passou por aqui
Há um mundo que habita em mim
Tenho fome e cada vez mais vazio
Se espero é por que ainda te quero
Faço friamente este mistério
De te ver assim, ao longe
E saber do seu breve regresso
Em segredo sei que voltas
Com vontade e curioso de viver
Vem então meu bem
Com calma e desespero
Que eu te espero quieta como um espelho
Para dar-te o pouco que resta de mim
E quem sabe dar-te em troca imagem de ti

le vide

un lieu vide
le vide vivant
transforme
un être

Je

Je suis ce que je suis
il n'y a pas de justification!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

para minha mãe

dificil de ser....
perfeita pra vc...
chego nunca,
e sou tao pouco
e queria sim ser perfeita pra vc,
e de tanto querer
sou justamente a mais imperfeita
e por isso é preciso aprender
mais do que nunca o amor,
amando esse diferente
tao igual,
parte nossa e integrada,
sou vc multifacetada,
sera justo assim,
nos amarmos além,
por que aos poucos na vida
ha de se perceber finalmente
que o pecioso é raro e pouco.
sao poucas as coisas
para as quais devemos realmente dar atençao;
e essas sao simples
mas aos olhos dos homens deste tempo,
parecem uma grande bobagem...
os pes estão no chão,
mas a cabeça sobrevoa ainda as nuvens do meu sonho,
e me faço entao poeta para lhe dize:
te amo
e continuarei desta mesma maneira,
tentando a ser perfeita pra vc,
minha mae, parte de mim!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

instante

Você me da o instante de ir-me
imenso
longe
e grande
o instante
da partida
da reentrada
em terras minhas
o instante do adeus
do encontro
instante
que inrompe
do gozo

domingo, 12 de outubro de 2008

l'autonme - un jour avant

que paris não me presenteie sempre
com o seu gosto,
que me presenteie ás vezes
e somente assim (ás vezes),
para que eu não perca
o impulso,
pulso
do desejo,
querer-te
sempre
conhecendo o pouco
do que é claro
eventual
desejo
mais e mais e até
sempre,
paris.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

eu...

se ainda não sou
e isso é certo
não ser
sei que não sou
será que um dia serei
serei nunca
aquilo que sonha
o sonho
sonhado?

serei assim...
confusa
emaranhada
ordinária
de palavras
se arroubos
serei esta
e só isso...
???

talvez...

mas eu sonhava
com um pouco mais...

e mais...

e de mais
quero ainda dizer
te
a ti
a um outro
a alguém
que chegou assim
sem nada dizer
este novo mês
com nova estação
e um grande
enorme
não saber
que queima
alma minha
que já não tem mais
cor
que já tombou
as folhas...

a flor que era
eu...
eu?
sou só um
eterno constante
despetalar
incertezas...
de nada saber
mais...

outubro

de último...
quero dizer-te
primeiro
que chegou
outubro
garoa
e frio de outono,
tudo péla a
alma minha
e as árvores
já não tem mais cores...

domingo, 28 de setembro de 2008

regresso - london sept/08

eu quero acreditar
no teu regresso
que ele não tarde
que ele me pegue
ainda sentada
desperta
despertada assim
os braços e a boca
tua
palavras
incompreensiveis
sorriso velado
eterno
não saber
sexo desenfreado
acreditar assim
no teu regresso
jornada
encontro
morada

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

pelo avesso


vou comer o seu nome
e engolir a sua imagem
vou deixar o que resta de ti
escondido no fundo de mim
para fingir que assim
te esqueço
para mentir à mim
que nem te conheço
te querendo assim
te adordando assim
(como chico)
pelo avesso

un apprentissage...


"lori se fatiguait beaucoup parce qu'elle n'arrêtait pas d'être"

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Bretagna II

escrevo-te a cada dia novas palavras
a esperar-te
pois como penelope e ariadne
eu te espero
silêncio cheio de ruídos e ventanias
vento que corta a alma minha
tenho medo do seu não regresso
mas teço em silêncio aturdido
o chão do seu recaminho
com calma enfurecida
alimento de cada instante.
escolhe-te então,
para te servir,
e se não paro nunca de tecer este fio
é por que nele há o caminho do seu regresso
porque eu vi nos olhos
porque eu senti na pele
porque a verdade é sempre de verdade
porque as fêmeas sempre esperam
e os heróis sempre regressam

movimento outonal

é preciso não desistir nunca
a vida tem sempre algo a oferecer-te
mesmo em dias de chuva
é preciso seguir em frente
mesmo se esse seguir
seja também pausar,
não se esquecendo
de que em toda pausa
há um grande movimento
interno acontecendo

- já contava à mim joana querida
que tanto me falta nas trocas femininas
de vontade de contar-lhe toda a insatisfação
que toma-me o peito-

e mesmo assim
é preciso continuar
mesmo que lento
sempre atento
cada passo
a cada passo
e sempre eles
a nos guiar
a novos presentes,
presenças de ser e de estar.

é preciso esquecer
as velhas palavras,
há tantas outras
para aprender...
e sempre olhar aberto
as flores estão sempre a nos dizer
segredos sem respostas
na quietude do saber esperar...
e confiar...

o caminho, você já sabe...

siga! as pedras amarelas!

um girassol em paris

Então eu adorei assim o jeito que ele chegava, todo atrapalhado com suas malas remendadas, o seu chapéu já tanto gasto e o mais amarelo girassol em suas mãos de carinho.
Era pra mim!
Era a mim que ele procurava.
Imagem que ficara embaralhada, atrapalhada... na sua memória já um tanto apagada de inúmeras e alucinadas viagens que fizera sua alma.
E embora aquela tarde fosse assim pra mim um tanto triste, quando vi a sua figura de gajo peregrino vindo em minha direção não pude recusar-lhe o meu mais belo sorriso e minhas mais sinceras lágrimas, e dei assim a este gajo desvariado o pouco que me restava, mas lhe dei de verdade...
Por que era de verdade aquele encontro esperado e foi-se fazendo real a cada passo, e virando gente e virando palavra e virando cansaço, edredon empoeirado e carinho enamorado...
e de repente... despertador... despertando toda a minha dor... já era hora... Adeus querido, vai com Deus e que os anjinhos te acompanhem meu bem...
E agora cá estou, só, mais uma vez...
Escuto as músicas que deixaste pra mim que me acordam todo dia e me dizem sorrindo que a vida vale sim a pena de sempre se dizer mais um sim!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

absences

Les courtes absences animent
les passions au lieu que les
longues les font mourir

bretagna I

Então foste assim
Pensar em ti
Em mim, talvez
Ainda não sei
Não sei de ti ainda
O muito
E tanto sei
Pois leio em silêncio
O indizível

Da minha cama parisina
Imagino-te sobre o rochedo
E a chuva rala
E o bater das ondas
E as nuvens nubladas

O vento que anuncia
Nova estação
Já muito esperada

Então volta então

Não tema sua nova morada
Entre as pernas minhas
Minhas manhas
E meus caminhos

se te espero...

e por último
eu te espero
meu senhor
monsieur...

se te espero
é por que te quero
e já gritei pelo seu
regresso em toda parte

e grito aqui
mais uma vez
volta logo
volta e vem

vem sem medo
vem correndo
tenho pernas
a querer-te

tenho boca para
te dar
tenho tanto a lhe falar

sobre frio
de quem fica
sobre a vida
que me passa

os olhos da menina
que olha
o menino
que é dela...

se espero
é por que ainda
te quero

se te quero
é por que
ainda me quer...

então vem!

domingo, 21 de setembro de 2008

l'autonme

chegou
nova estação
novas cores
novos caminhos
chegou
a segunda parte
daquele
mesmo
novo velho filme
chegou
uma nova espera
chegou uma
nova mensagem
na fila de espera
chegou
mais uma menina
que tanto te espera
mais uma estação
mais um mês de setembro
outubro
novembro
chegou
a minha mãe
chegou
a primavera
do outro lado
da esfera!

ele me disse

ele me disse que volta amanhã,
por que amanhã,
é dia de lua,
lundi,
lunedi,
segunda feira!
e ele me disse,
que quem retorna,
sempre retorna,
ás segundas feiras,
em dias de luas,
lua cheia.
e ele me disse,
que quem parte
parte cedo,
logo logo
no domingo,
mas quem fica,
fica mesmo,
e você sabe que fica,
é quando é terça feira,
dia de marte
mardi,
martes,
a tarde,
se ele ainda não foi,
é por que fica...
quem sabe até
pra sempre...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

madrugada parisina

na madrugada parisina
quem sou eu
que habita em mim?
se cada vez menos sei
dos meus caminhos
se caminho...
que caminho

de tanto
não saber-me
vou conhecendo
um pouco e tanto
e talvez assim
partes de mim ...

se te espero,
é porque ainda espero
esperançada...
de mim mesma...
encontrar-me.

se me jogo,
desconhecido adentro,
desconhecendo-me
podendo somente assim
ser,
aquilo que se pode ser,
sem poder enfim
compreender
que o que se é
dura apenas
o tempo
de um novo amanhecer...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Paris

se deu assim,
quando vi
outras partes
que não eram minhas,
doeu aqui,
eu não estava aí,
havia partido,
não existia mais eu,
em ti...

eu aqui
paris
a me levar
levar
minhas pernas
a passear
ás vezes
me cansa
continuar
...

a esperar
amores
a estar
por vezes

em mim
que nem sou
tantas assim
para se valer
inteira
deste abismo
gigante de lágrimas
que habita aqui

domingo, 7 de setembro de 2008

girassol

ah...
mesmo com a chuva que já chega assim assim
para me dizer que o azul nem sempre brilha
mesmo com a tristeza que se senta aqui
ao meu lado e não me diz quando parte,
mesmo assim,
assim assim,
ainda existem os girassóis a me sorrir,
os palhaços a divertir,
e as amigas que sempre chegam...
para abraçar o coração...
e os meninos que sempre cuidam...
dos cacos caídos no chão...
então eu continuo...
a acreditar...
la vie,
la vie en rose, encore et toujours!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

para nelson


amor eterno.

daqueles que quando se encontra
se sabe,

e não sabe o nada saber,

amor que aprende,
amor que ensina,
amor que ama e ama e ama,
amor que entende,
amor que liberta,
amor que deixa,

caminhada,
mesmo distante,
sempre assistida...

amor que ultrapassa o corpo,
amor que eleva a alma,

meu aprendizado errante,
meu querido tão querido,
meu menino,
meu homem,
meu amigo,

a você saúdo nelson antonio menino pintor
muitas muitas luzinhas brilhantes,
com som de risadas de pequenos anjos,
com mãos delicadas de pequenas fadas,
e eterno abraço de mãe...
um colo divino para repousares...
e todo o amor...

te amo,
te amarei,
e dedico,
este meu dia a você!

quero ver-te sempre sorrir
quero ver-te aprender
que o amor é pouco a pouco
e é eterno quando é de fato
amor!

meu artista preferido,
meu professor,
meu avesso escondido!

muitas primaveras ao senhor!
muitas flores!
muitas cores!
muitos sonhos!

que os anos te presenteem sempre
com a mais calma e feroz sabedoria!

te beijo!

meu menino,

domingo, 31 de agosto de 2008

a pergunta do amanhã

hoje eu não tenho nada
hoje eu sou só pergunta
pra resposta do amanhã
hoje pra mim não há resposta
Ela se esconde em alguma parte
que eu não sei
Então eu me levanto
com a angústia da manhã
que me saúda mais uma jornada,
mais duas pernas,
e somente duas,
não mais,
para continuar o meu caminho,
a perguntar-me perguntas
sem respostas
ainda hoje,
mas amanhã elas virão
e a única sorte que resta hoje
é que já amanhã
hoje será ontem
e isso me dirá
que o tempo é implacável
e ele passará a despeito
de qualquer que seja
a pergunta que me mata
na espera eterna
do amanhã,
que iluminará!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

tempo de espera

é preciso aprender a paciência...
a lentidão da permanência
impermanente dos acontecimentos...
o largo movimento das coisas grandes,

é preciso aprender o silêncio,
olhar a confiança com olhos de coragem,

é preciso calar pra dentro de si
as maiores vontades,
se alimentando assim de uma força inegualável...

a espera...
paciência...
compreensão...

a vida acontece nos entre atos,
a história se faz em silêncio,
os passos seguem em espaços...


ao fim...
enfim, em breve...
teu gosto denovo,
que gosto o gozo,

mas agora
aprendo na sabedoria
das caminhadas inéditas,
essa tal lentidão

abrindo espaços...
acreditando,

coração dilatado.

encontro parisino recontado

e então,
já na despedida,
da noite que amanheceu dia seguinte,
entre bagunça e respiros...
entre flores e calcinhas...
já na rua,
longe do leito aconchego...
ele partia...
ela ficava...
assim...
por que assim estava escrito
na página seguinte,
talvez ele quisesse um outro dia...
tentou esboçar em seu idioma a certeza de
um próximo encontro...
ela perdeu o chão...
e sorriu pequeno...
e disse em seu silêncio sorriso:
sim!
sim eu me caso com você!
sim eu tenho filhos com você!
sim eu me dou a você...
partiram...
ele não disse mais nada...
talvez não tenha escutado do seu silêncio
a sua verdadeira vontade...

sábado, 23 de agosto de 2008

saudade francesa


e devo então assim
dizer-te...
saudade.

que saudade
é coisa brasileira
de se sentir.

sabemos assim então
o afeto.

quando a saudade
se deita
na cama da tua ausência.

alors,
je dois ainsi
te dire à toi...
saudade.

saudade,
une sensation bresilienne
que l'on ressent.

nous savons de cette façon,
l'amour.

quand la saudade
se couche
dans le lit de t'absence.

e então chegou-me!


então chegou-se
com gosto de ainda não sei
este tal aniversário
que desaniversariá toda esta
falta de razão quando se fala o coração
então chegou-se
já deste lado cá...
esta tal maturidade
com gosto de sorvete
de fraises
se te fala assim o prazer
monsieur...
je suis la mademoiselle...
então chegou-se
mesmo sem saber por que...
chegares
e já vais partir?
creio que não...
creio que tu voltas,
tu regressas,
pois devo ainda
antes de tudo
cortar-lhe a cabeça...
sem pressa...
por que agora
aprendo o tempo...
apreendo...
o tal do tempo
tento lento
tendo assim
talento...
tenta(r)lento...
e então chegou-se assim
com gosto de liberdade
de novos amigos
novos queridos
chegou então...
a vida para brindar-me
e eu...
me dou
me deito
me esparramo
mee faço tua
me dou ao mundo
e sigo o sábio caminho
das pedras amarelas...
e por vezes
continuo caindo...
bem fundo...
meu bem,
por que o buraco
é sempre um pouco
mais além...
e chegou-me assim
sem me dizer que vinha
e partiu também...
mas...
voltarás...
vem pegar o que é seu...
e chegou a mim...
esse novo dia
desse novo ano
desse novo mundo
desse novo caminho
tão real...
e viva viva
que la vie
la vie est belle mes amies
et on doit profite la vie!!!
alesi!!!
merci!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

para quando se tem uma amiga...


posso dizer que sinto imensa saudade
de um tempo que fora nosso,
tão compartilhado e sonhado...
agora...
te vejo de longe...
vraiment loin...
e de tão perto,
quero-te pra sempre o bem...
por que inscreves-te em mim
páginas sólidas de uma verdadeira relação...
não é fácil amar assim...
mas quem é que gosta de facilidades?
eu amo os seres de luta,
de contradições...
questionamentos..
profundezas...
eu amo as meninas que somos
e seremos
e fomos...
eu amo seu largo sorriso...
e a sua crença no bem...
eu amo quando éramos três
e quando fugiámos para sermos duas...
eu amo você...
por vezes doloroso aprendizado...
ruptura, perdão, amor...
compreensão...
aceito... me aceito, te aceito...
a vida!
o retorno que nos chegou ainda cedo...
e que grande volta, (ufa) grande...
estamos dando...
para depois chegarmos denovo tão perto...
uma da outra...
e amarmos mais e mais...
na crença dos laços...
que quando cativados na alma...
não se perdem jamais!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

inferno astral

até as bancas de jornal sont fermee...
a paris...
nesse verão sem sol...
sans soleil... quell'été?
nesses dias de solidão...
jours avec la solitude...
j'espere milagres...
miracles...
qui vont arriver!
on vera!
passa logo esse inferno astral...
traz-me denovo as flores... les fleurs
o sol... le soleil
a carne... le chaud
o som...
a música... la musique,
e os jornais,
avec les bonnes nouvelles!

28

ah seu eu pudesse escrever nas linhas toda essa minha agonia desse eterno não saber que sabe tanto e nada sei. ah seu eu pudesse saber um pouco mais para então nada saber para poder entregar-me de braços e peito aberto. ah se eu soubesse todas as dores desse caminhar errante. se eu soubesse segredos. se soubesse carinhos. se tivesse assim pra mim também a boca. a cama. a velha cama da melancolia. se eu fosse então bailarina. se acertasse os passos dessa dança nua. se escondesse segredos. se guardasse um beijo.
se fosse meu esse palco. se soubesses olhares. olhares de fome e desejo. mãos de afago pra sempre. mãos de fada ás vezes. sonhos de bruxa. caminhos de flores. os anos que passam e essa tal melancolia. chega mais perto. coração de flor. asas de borboleta. há ainda um girassol velando o sono teu calado de triste tristeza. guardando mil sorrisos de alegria. para um novo encontro que virá. em breve. nos ventos do novo ano novo. que anuncia o retorno. feliz. feliz. dos viajantes errantes. que buscam caminhos. que entortam as vias. todas essas vias vilas. deste coração que para nunca e derrama sangue vermelho de amor. ah se eu soubesse o sonho. me manteria acordada. dormindo sonhando sabendo. sendo assim vermelha bailarina de asas borboleta.

je rentre!

chegar em casa...
voltar...
em mim...
de novo paris...
minha casa agora é aqui...
e tem cheiro novo
de coisa nova
velha nova
nova história
de uma menina
mesmo triste
feliz
melancolia
e agitação
são amigas aqui
e tudo se move
e os dias escorrem
e nada é concreto
e tudo é fato
que se esvai
nas horas...
de um novo
velho
sempre
o mesmo
uma nova
outra era...

"um sonho não é uma coisa em que se pode viver...
ele se esvai...
some...
como um..."

terça-feira, 12 de agosto de 2008

meninos...




que me leve!

E enfim
Cheguei
Denovo Paris
Cada vez mais
Uma nova Paris
Uma Paris de agora
Uma Paris com olhos
Que me olha
Que me pergunta
Que demanda a mim
um novo Devir
De vir a ser
Aquilo que serei
E já tanto sou
Sem saber e querendo
tanto...
Paris...
Que me deita em sua cama
Em sua literatura
De língua nova
Novo mundo
Pra mim...

paris

Paris...
De cores azuis
De sorrisos largos
e pic nics no parque
mon rêve jolie
Paris...
De Marlyns no espaço
E trens a ir e vir
Toujours c'est Paris...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

em francês

"Maintenant je suis léger,
maintenant je vole,
maintenat je me vois au dessou de moi,
maintenant un Dieu danse en moi."
F. Nietzsche

Sorte!

Há de tudo no caminho do senhor!

Mas há que ter sorte!

Vermelho!

Para aqueles de um outro tempo,
que me conhecem,
e agora desconhecem,
aviso:
estou usando batom vermelho!
E lhes digo:
Me cai muito bem!

Guarda Chuva

Não se esqueca de levar o guarda chuva!
Pois a chuva quando chove,
Molha!

domingo, 3 de agosto de 2008

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Traces du Sacre

Será o homem
filho do pai?
Oh meu Deus Pai,
quanta angustia o não saber,
quanto vazio,
sentir-se tua
Se Tu nada és,
Se tu me escapas
a cada busca
Se vou a ti incessante
com toda a minha ânsia de saber-me mais que...
só...
Serei eu sua filha?
Serei eu como todos os homens?
Quando passará essa angústia?
Esse tamanho de coisa sem tamanho
tão grande que é
vosso saber sobre nós
teus filhos.
Sagrado que seja,
Profano que nos une,
na sede da carne,
no sexo transgressor,
Querer ser sua
somente sua
e deitar-me nua
na cama do meu senhor absoluto
e ascender aos céus
como mariposa errante
e poder morrer inúmeras vezes
para poder encontrar-me enfim,
com a sua aterrorizante face
de homem
Senhor absoluto
De luzes e trevas
Sou sua
Em mim escorre seu sangue
Em meus olhos não cessa nunca
incansavél procura
de conhecer-te em vida,

o pôr do sol

Pôr do sol,
põe se a cama,
Deita-te o sol,
a caminho do trem,
que me leva além,
que me dá novas
e muitas
e outras
pernas,
e novos olhos
para olhar
o que lá vem...
Deita-se o dia,
Vem noite que é minha,
Um outro alguém,
para amanhecer
talvez
um outro trem
para andar
sempre além.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

saudades

Se sinto saudades?
Sinto extremas
E tanta
Que nem penso
Se me fala a saudade
Não há busca que cesse
Então me resto
Não penso
Para poder desenrolar-me
Nos dias que me chegam
Novos dias
Novas caras
Novos sabores
Conhecimentos
E se me fala a saudade
Confesso-te
Eu me escondo
De medo
Preciso de pernas
E espaços
Estou a caminhar
A ver o futuro bem chegar

eu bem sei...

Eu bem sei que sentes como eu
Eu bem sei que amas como eu
Eu bem sei das dores que te tomam
Da morte que te espreita
Do medo que te consome
Eu bem sei desses saberes
Do caminho a caminhar
Eu bem sei a ti
Pois bem sei a mim
E se a mim conheco
Conheco então a ti.

o outro

A minha vida
só existe e faz sentido
se houver a presença do outro
Se houver o outro,
eu fico...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Paris


Verão
Aquieta o meu coração
Enfim cheguei
Se tanto caminhei
Nos meus circulos
Circulares
Nas minhas voltas
Em torno de mim mesma
Enfim me encontrei
Aqui
Verão
Paris
Eu e minha bicicleta
Cor de menina
Cor de rosa
E minhas palavras de vento
E meus quereres
Meus pensamentos
De menina
Glacê de fraises
Sil't vous plait SVP
Encontros
Tantos
Outros
E mais
Encontro-me
e já de mim fujo
Pois aprendo aqui
o não ser
que é tanto ser
o não saber
que é caminhar
o vir a ser
que será eu
eu serei o que?
se tanto sou
e nunca fui
Sou flor
que despetala
sem cessar
que sorri
que abre os braços
e diz:
Vem vida!
Me abraçar
Me encontrar
Me mostrar
Vem vida
Me tomar
Estou aqui!
Estou aqui pra lhe servir!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Há sempre um acontecimento maior
Acontecendo
Por de trás
do acontecimento
acontecido

sexta-feira, 11 de julho de 2008

fotinhos da caminhada




o lado de cá

Os franceses não tem compromisso algum com a felicidade,
Ser triste aqui é tão lógico como ser feliz aí.

Confesso que minha alma poeta sente-se muitas vezes em casa.
Mas por vezes penso:
Deveria eu ir-me a Portugal,
e deitar-me enfim e de vez,
Na cama da melancolia...

pra sempre


Vim a Paris tardiamente
Devia ter vindo
encontrar-me com Picasso
Pena...
Ele não me esperou!
Mas para aqueles com
fendas largas
e espaçadas
na alma,
compreende-se
Está tudo aqui!
Ainda,
Pra Sempre
Paris.

sábado, 5 de julho de 2008

as ruas de amsterdam

Não mais uma serpentina,
que desenrola bailarina,
pro alto,
sempre, sempre e sempre mais,
alice encontra-se
no seu grande caracol labirintitíco,
onde achar-se é impossivel,
tão possivel,
que eu posso me encontrar,
e transformar-me em meu
próprio caminho a caminhar,

E a procura deve ser silenciosa,
sem manifestar as aflições do tanto
não saber que essas idas e vindas
nos causam, no nosso eterno e pesado
querer.

E se não queremos nada,
podemos então tudo ter,
para querermos muito e
sempre e muito mais.

Então se o movimento
revela-se cada vez mais,
e tanto e sempre,
um eterno circular,
circundante,
sem saídas
e sem entradas,
sem partidas
e sem chegadas...

Aquieto-me em pausa,
e deixo o movimento
me guiar...

segredo

no momento em que desistimos
de procurar, é a única hora
em que temos chance de encontrar.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

je tombe, je m'eleve

PARIS - BERLIN 28.06

Paris c'est comme ça.
Parfois, c'est très beau!
Assim assim,
Parfois, c'est très dur!
Je tombe.
Je m'eleve!
Assim assim,
vou aprendendo a caminhar,
a errar incessantemente,
na certeza da busca
de uma nova era,
que sempre se avista,
na hora certa...
E se quis eu o caminho
do caminhar,
foi dado a mim,
então,
algumas outras,
tantas,
novas,
pernas,
para que a estrada
se descortine
em vastas e desconhecidas,
direções!
Para que eu possa continuar
caindo e descobrindo
o fundo abismo do chão,
Para que quando eu encontre o chão,
eu descubra a força do impulso
que me eleva,
e me faz bela
assim borboleta,
nestas novas noites
curtas e quentes,
da nova era.
Para que eu saiba cada vez menos,
Do que eu desejo saber cada vez mais.
Para que por vezes eu perca a lembrança
de minha própria feição,
para que eu não me reconheca,
para que eu não mais pertença,
nem mesmo a mim.
E por fim me reste a única certeza
que se é possivel ter:
certeza do movimento incessante,
a qual todos estamos condenados:
je tombe,
je m'eleve
c'est comme ça!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

RADIO HEAD!!!






incrivelmente perto! incrivelmente lindo!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

o verão...


E então o verão chegou !
Aqui deste lado cá…
E eu já tenho quase certeza
Que Deus existe,
E toca sax nas ruas de Paris !

o céu

Acho que quando eu morrer,
Se existir mesmo um céu,
E eu lá conseguir chegar,
Penso que os anjos vão estar
Cantando algo assim…
Como o que eu escuto agora,
Nos Jardins de Luxemburgo,
Em plena Paris !
Um coral,
Cantando a minha chegada !
E tudo será branco,
E a luz será imensa,
E os jardins serão eternos,
E o amor será verdade !
E eu não serei mais uma,
Serei tudo e todos,
E então poderei enfim descansar
Na eterna brisa,
Da primavera que virá !

E não seria eu ainda,
Aquela pequena menina,
Com seu vestido de céu azul
E pequenas estrelinhas coloridas,
E seu chapéu cor de rosa,
De olhar profundo,
Que procura pelo colo de seu pai,
Como queria eu agora poder deitar-me
No colo do meu pai…
Como queria eu agora poder morrer,
Para me encontrar com os anjos
Que cantam nos portões do céu azul…
Como queria eu agora poder não ser,
Para poder voar e esquecer-me de mim…

E quando ela, menina, me olha,
Com seu olhar pra dentro,
Me encontro nela,
Como um espelho envelhecido
de mim mesma,
A menina, pequena mulher,
Sente calada a dor de existir só.

E me vejo,
Assim,
Ainda menina,
Ainda mulher,
A procura de um colo,
De um olhar que olha além,
E percebe os anjos…
E pode então encontrar os caminhos
Que leva mao céu…
E pode então entender a luz
E confiar na vida !

sábado, 14 de junho de 2008

Cem anos de solidao

"As coisas tem vida própria,
tudo é uma questao de despertar a sua alma."

primavera barcelonesca!

comprei um caderno azul
para desenrolar nele
serpentinas de solidao
de cem anos de azul azul
pelas ruas a colorir
o meu pensar
de moça moça
a dançar e dançar
no salao
a chorar e girar
tantas horas
a desenrolar
serpentinas tantas
e muitas mais
que se perdem
nos anos eternos
da solidao que
nao finda
a alma
que só se acaba
na ponta sútil
de um lápis
assim assim
azul anil!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

primavera...

e se és exatamente a mesma coisa o instante e a eternidade,
entao seria o mesmo a distância e a proximidade,
e se os opostos sao pares que nao se largam,
somos agora amor e morte,
mas serao estes opostos?

tambem eu nada sei,
e por ser assim ás vezes tao virginiana,
gostaria de dar os passos certos em todas as direçoes,
gostaria de cumprir com todas as minhas promessas...
mas desde ja experimento a vida e seus muitos caminhos
e me coloco entao no meu hulmide tamanho de serva do acontecimento,
entao, que ele venha e me carregue,
que eu seja essa e muitas e tantas
e por vezes nada
para poder descansar no silencio do nao ser,
na inquietude do nao saber,
nao saber o que sera...

mas sei que carrego comigo impressoes acumuladas
neste corpo que me leva a passear
por tantos e tantos lugares,
que me leva a ver o mundo
que é tao extremamente grande e encantador,
repleto de novas formas de falar palavras,
repleto de novas fotos de enquadrar a realidade,
que nao existe e se existe se dissolve
no sorriso do gato listrado que me indica o caminho do desconhecido...

sou agora uma estrangeira em terras que nao me pertencem,
saudade entao é grande companheira de mtas horas em silencio...
mas fotgrafei na minha memoria muito bem tudo aquilo que fala a vida e sei muito me demorar
na visito dessas fotos,

aqui tudo caminha em bicicletas floridas de um novo amanha
carregado de memorias que nao me largam
e me fazem eterna de tras pra frente
na certeza do caminho...

uma flor,

e seu constante despetalar.

a serpentina

assim,
a serpentina cor de rosa
que desenrola sem cessar
nessa constancia do movimento
que nunca para
para nunca
sempre acaba
uma hora
todo o nosso carnaval...

mas viva a serpentina
que é cor de rosa
rosa a rosa da roseira
que é agora espanholita
a serpentina
que desenrola
e me enrola
nesse eterno
vai e vem
e vem e vai
e sim
eu vou...

nao recuso um carnaval!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

momentos

"a eternidade e um instante sao a mesma coisa"

terça-feira, 10 de junho de 2008

paris

a primavera em paris é repleta de cores e pequenas fadas que tomam sorvetes amarelos no fim de tarde...
por aqui, tudo sorri, e as flores desabrocham um novo pensar...
eu ca, ainda despetalo as ultimas pétalas secas do meu outono paulista...
ainda bem que vieram comigo as sapatilhas,
que ajudam tremendamente meus pés nessa dura fase de adaptaçao...
além de toda a poesia e os titis...
meu chapéu vermelho de abas longas para me proteger do sol e minha bolsinha igualmente cor de sangue, onde guardo todos os meus segredos!
meu corpo aqui ja dança...
espero agora fazer dançar também meu coraçao e meus pensamentos, *
entao assim serei feliz!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

as malas

mais uma vez,
as malas,
para partir,
para inventar,
uma nova história,
para dizer adeus,
para dizer até mais,
ando carregando minhas malas,
meu peso doído,
de tanto adeus,
de tanta despedida,
mais uma vez as malas,
me pesam,
me fazem chorar,
pensar,
como é duro,
o amor...
quando se desfaz.

vida

a morte traz a tona o presente!
vivemos hoje,
por que não nos resta no tempo,
futuro que nos salve!

terça-feira, 3 de junho de 2008

as horas

de repente
a noite
e uma dor
no peito
que chora
as horas
esquecidas
entre
eu
e
você
que fora
tanto
amor
meu
e agora
vai
assim
por que
assim
foi
fomos
tudo
o que seremos
eu e você
amor meu
está pra sempre
cravado
neste peito
que agora dói
em silêncio
as nossas
velhas
horas
perdidas...

domingo, 1 de junho de 2008

o tempo

se a chuva assim se faz senhora,
das nossas horas,
parto agora,
vou-me embora...

será que resta no tempo,
um tempo nosso?

será que resta no espaço,
um canto nosso?

será inverno
esse afastamento?

as flores...
se esconderão...
o jardim,
da casa que avista lá fora,
dorme agora e despetala sua flor...

será o tempo senhor das horas?
será a chuva choro incontido?

olhos emaranhados,
um longo adeus,
há ainda tempo,
sempre ele,
ditando o nosso tempo...
das horas que nos roubam,
meninos que somos todos,
a caminhar em caminhos sem volta,
sempre a frente...
real...
caminho...
pra sempre!

um café,
um cigarro,
uma última dança,
pra bailarina se fazer senhora,
do espaço em que roda,
ronda e sonha,
e ficar presa pra sempre em vossa memória!

orixá

pergunte ao seu orixá:

amor só é bom se doer!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

la faute à Fidel



não há dúvida!

a culpa é do fidel!

e isso é tudo!

ps:não deixem de assistir, é bélissimo!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Caminhos para seguir


"O Gato apenas sorriu ao avistar Alice. Achou que ele parecia afável. Mas como tinha garras muito compridas e dentes bem graúdos, sentiu que devia trata-lo com respeito.
- Gatinho de Cheshire - começou a dizer timidamente, sem ter certeza se ele gostaria de ser tratado assim: mas ele apenas abriu um pouco mais o sorriso. 'Ótimo, parece que gostou', pensou ela, e prosseguiu:
- Podia me dizer, por favor, qual é o caminho para sair daqui?
- Isso depende muito do lugar para onde você quer ir. - disse o Gato.
- Não me importa muito onde... - disse Alice.
- Nesse caso não importa por onde se vá - disse o Gato."

Lewis Carroll
Alice no País das Maravilhas

mais uma vez: as malas...

estancar o sangue
que escorre
do peito
dilacerado,
onde era amor,
e agora,
nada.

ouvir o silêncio,
da sua não voz,
que não me chega mais.

engolir palavras,
tantas,
todas,
que eram pra ti,
e agora,
se calam em mim.

fazer as malas,
uma vez mais.
deixar o vazio,
se abrir,
caminhos que virão,
e eu agora longe de ti.

o que vivi carrego no peito,
que sangra a dor,
deste afastamento...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

a sacola vermelha de alice


a menina,
que era muito pequenina,
levava sempre consigo sua
sacolinha vermelha,
e dentro dela,
uma sapatilha cor de rosa,
a menina que queria ser bailarina,
que pena,
nunca aprendera a dançar,
mas inventou no próprio corpo,
sua dança muda e torta,
que mesmo sem forma
encantava aqueles que
de longe olhavam...

a menina,
pequena, pequenina
descobriu um dia em sua sacolinha,
pequenos homenzinhos de bigode que
cantavam sgt pepers try a little help
for my friends something in the way she moves...
iêiêiêiê...

então dançou,
com seus novos amigos...
guardou as sapatilhas cor de rosa,
rasgou seu titi empolado...
colocou os pés na terra,
e descobriu em si...
a própria dança,
que se escondia no fundo do fundo,
da sua sacolinha vermelha,
adormecida que era,
sua verdade mais cara...

terça-feira, 20 de maio de 2008

casal

ainda durmo com a camisa branca,
que se perdeu nas minhas roupas,
no momento em que eu arrumava a minha partida...

ainda acordo com você me olhando
lá do alto,
da fotografia de um tempo outro,
que fica...
aqui.

ainda disco os seus números,
ainda sei os seus horários,
ainda dói dizer adeus...

e o amor que sempre fica,
e fica sempre,
pra sempre está...

nos olhos de flor daquela que pra sempre vai te olhar com amor...

chão

nada serve de chão,
onde caem
as minhas lágrimas...

o tempo do artista

"O tempo não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não representam nada. Ser artista não significa contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste, serena, aos grandes ventos da primavera, sem temer que o verão possa não vir. O verão há de vir. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade."

Rainer Maria Rilke

segunda-feira, 19 de maio de 2008

escorre pelos dedos


o homem que caminha
percebe
que as coisas são feitas de...
tempo
que escorre...

e percebe
as cores cheias
na caminhada
constante de seu ir e vir

o palco vazio,
os sonhos por vir...

o homem que caminha
solitário...
tem tristeza
sabida...
daqueles que já sabem...

e quieto recria
os caminhos...
as imagens
os novos sentidos...

ver o tempo escorrendo entre os dedos...
saber que tudo passa...
que nada fica
e fica tanto...
que fica em mim...
em ti...
em todos nós!

a vida é areia que escorre pelos dedos...

sábio é aquele
que abre bem as mãos...
e deixa a vida passar
por si!

frase "de" domingo:

Hoje era bom se fosse sábado!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

dançarina


o que meu corpo faz,
minha cabeça não pensa.