quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Le Printemps à Barcelone

J’ai acheté un petit cahier bleu
Pour dérouler dedans
Des serpentins de solitudes
De cent ans de bleu
Dans les rues à colorer
Ma pensée
De jeune fille
Qui danse et danse
Dans le salon
À pleurer et à tourner
Des heures infinies à dérouler
Des serpentins
Beaucoup entre eux
Se perdent
Dans les années éternelles
D’une solitude qui
Ne finit pas

Mon âme !

Et l’on se retrouve seulement
au point d’un crayon bleu
Bleu comme la mère de la ville de Barcelone
Que je regarde avec mes yeux
Pleins de larmes blanches
Et mon cœur qui ressent toujours
L’absence de ton corps

La Parole

Comme la parole est belle
Lorsqu’elle sort de notre cœur
Lorsqu’elle glisse de notre dedans
Et se répand sur le papier
Comme la parole est belle
Quand elle est larmes mouillée
La parole qui est aussi cri
En plusieurs autres langues
Loin de son origine

Bretagne

Je t’écris chaque jour
De nouvelles paroles
En t’attendent,
Toi.
Car, comme Pénélope et Ariane
J’attends
Silence plein de bruit et d’orages
Vent qui coupe mon âme
J’ai peur que tu ne reviennes pas
Vers moi.
Et dans un silence étourdissant,
C’est moi qui tisse
Ta nouvelle couverture
Avec un calme furieux
Nourriture de chaque instante
Je t’ai donc choisi toi,
Pour te servir
Et si je n’arrête jamais de tisser
Ce fil,
C’est parce qu’il y a en lui
Le chemin de ton retour
Puisque j’ai vu avec mes yeux
Puisque j’ai ressenti dans ma peau
Puisque la vérité, c’est toujours une vérité
Car les femmes sont toujours celles
Qui attendent…

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

L'Aube

L’aube

Je vais manger ton nom
Je vais engloutir ton image
Je vais laisser
Ce qui reste de toi
Enfoui au fond de moi
Pour me mentir à moi-même
Et de cette manière croire que
Je t’oublie
Et même
Que je ne t’ai jamais connu
Et de cette façon
Tu continues
À l’inversé
À exister encore
Sur mon lit vide
Pendant toute l’aube en pleures

Pauvre de mon cœur qui ne se couche plus.

beija a mim

ah...
se pudesse minha voz
atravessar os
arrondisments parisinos...
do sexto ao treze...
do segundo andar ao sexto...
se as minhas palavras em português
se transformassem em poesia francesa
eu gritaria assim alto
para que tu voltasses
beija a mim...
meu bem...
coloeur café...
a sua cama quente
o seu corpo magro
a sua boca ardente
a sua música sem tradução
a sua biblioteca infinda
de melancolias...
a sua vista azul inesquecivel...
o pantheon...
la tour eiffel
o seu cheiro bom...
as suas imagens miticas
eu e vc...
o nosso café da manhã
os sorrisos
as frases desentendidas
e o silêncio que tudo dizia
os dias de verão
baudelaire
e suas flores do mal
mensagens subliminares
tentação
o sumiço
na última noite quente dessa estação
a porta que se fechou
do mêtro mais longo que eu peguei...
ah...
volta...
beija a mim...
estou a esperar...
meu pequeno anjo...
atende esse meu pedido
e me traz de volta
o paraíso quente
desse beijo
francês...
antes ainda da minha partida!
amém

não sei mais

já nem sei mais dizer
por que assim passou
e ainda passa
dias e dias
penso ainda
em você
ainda e mais
e cada vez mais
sem saber
não sei mais
dizer palavras
você
não veio
mais me ver

você foi... adeus!

Você menino
Foi o meu maior não
O meu mais longo adeus
Que não me disse até logo
E me deixou
Vazia de você

Você que me apareceu
Em um dia longe de verão
Me chegou rápido demais
Este frio de inverno

Você me deixou
Vazia de você.

domingo, 16 de novembro de 2008

os surrealistas

Então existiram os surrealistas. E uma hora, mas precisamente as dez horas da noite de um dia frio de novembro em Paris, sim sim, Paris, que ainda existia, existe ainda, acreditem : Paris, nesta hora, as dez da noite de um outono parisino, de folhas caídas no chão, a pulsão era o mais importante. Eles vem e eles vão. Eu sou igual a todas as outras. Ainda me lembro. De tantos momentos não tão distantes de mim. Das flores do meu jardim. Do caminho até o elevador. Das pedras vermelhas na parede. Do barulho da rua paulista. Do vento da chuva e da feira aos sábados. Mas aqui em Paris, as folhas estão todas no chão. É outono. Aos domingos eu vou ao museu e pratico italiano. As vezes, no mais estou praticando francês o tanto quanto eu posso. E ainda sinto uma falta tremenda. (dele.) Que esfolada no meu peito! Que sangra sangra sangra sangra sangra sangra, sangra, sangue, sangue sangue. A onde estava você ? Antes. Antes. D’eu te existir. Te dar-te a existência mais pura de mim. E eu sei tanto que você existe. Os caminhos das suas linhas. A verdade quando é de verdade vem vestida de ilusão. Estou a parir a cada dia mais uma fêmea de mim. Que dores de parto que sinto a cada manhã! Que força estranha vou conhecendo de mim. Que sexo pulsante que vai me possuindo. Ela dança. Ela dança. E gira e gira. Ela dança ainda. Mesmo no escuro. Mesmo com medo. Mesmo pecando. Ela dança. Ela deita. Mesmo com medo. Mesmo sorrindo. Ela chora. Lá do fundo, da onde vem o mais lindo sorriso escorre a mais vermelha das lágrimas. Choro incontido que canta nas minhas horas esse outono novo. De folhas amarelas no chão. De meninos que vem e vão. Ainda escuto Coco Rosie. Que me lembra o meu Camino. E Lyon. E ele, que me cantou cantando aquela última da CocoRosie. Será que ele nunca mais sentiu vontade ? Queria tanto que ele sentisse tanta tanta tanta tanta tanta tanta tanta tanta tanta vontade que explodisse em mil estaladas no meu telefone me dizendo vem vem vem vem vem vem vem vem dançar aqui! E eu ia eu ia eu ia eu ia eu vou ! Será que sou eu a pobre Helena de Demetrius ? Que chora e lhe implora. Será que não terei nunca mais o amor incontestável de Lizandro e Hernia ? Pobre Helena de Atenas de um sonho de uma noite de verão… Que venha meu bom Puck jogar-te a poção nesses olhos que não me olham. Que me venha do céu, dos mares, das florestas, de dentro e de fora, de baixo e de cima, que venha, que venha e me tome, me carregue, mas me proteja, me coloque, me retorne, me torne, me entorte, mas me ame, e me proteja, mas que venha, mesmo se forte que me possua.

Em quantos espelhos terei eu que procurar a face perdida de mim? Se já não posso mais sorrir inocente. Se conheço já todas as armas do jogo. Se já aprendo a jogar.

Queria eu somente o sopro dos anjos nos meus cabelos. E mãos de fadas no meu coração. O canto das almas que voam.

Será que existe algo… que ainda não sabemos chamar… por algum código nominal ? Um físico hoje, durante a tarde, de um passeio frio pelo Quartier Latin, me disse que no universo há muitas milhões de partículas sem nomes sem explicação sem nenhum entendimento nominal e que ele, ele menino de tudo, está tentando entender o que são… essas partículas minúsculas, que nos atravessam, mas de uma forma tão rápida e indolor, que não é possível conhecer. O desconhecido,

Ele disse também que há pelo menos 40% de coisas jogadas no universo que ninguém sabe dizer o que é.

Mas o universo está sim e continuará ainda por um bom tempo em uma tremenda expansão.

Continua. Constante. Pulsante.

E que o sol, estrela mais poderosa e cheia de vida e vontade está entrando agora justamente na sua metade. Metade de vida. E eu achei isso bonito. Estar vivendo agora a maturidade solar da sua vontade de existir, existindo eu em Paris. Neste outono das folhas amarelas que tomam o chão como um lindo carpete (e eu falo francês.) Petit à petit.

E nas aulas de história vou descobrindo que apesar da constante expansão do espaço universal, aqui a onde há terra e pés no chão a expansão é em cambalhotas que retornam sempre. O eterno retorno daquilo que sempre continua continua continua… acontecimento permanente do mesmo novo aquele mesmo de sempre que é sempre um outro nunca o mesmo sendo sempre o único e não um outro.

E continuo andando. Andando. Andando. E te procurando. Você que ainda eu não conheço. Mas que tanto já quero. E saindo do metrô as sete da manhã na Place de La Concorde, eu atravesso a ponte, mas paro antes para contemplar ao fundo o mais lindo cartão postal que existe. Minha querida Notre Dame. Paris. E respiro. Respiro. E não entendo e por isso continuo.

sábado, 15 de novembro de 2008

ah...

ah... se não escutas, escutas...
com o coração, pois só este não é de fato surdo e enxerga além
saber de onde vem as causas dos ahs ais que nos tomam,
é quase querer saber da onde vem deus...
é segredo e não se pode saber...
quando escutas um "ah..." que te puxas, vá e segues com ele,
sem medo e sem perguntar,
os olhos não mentem.
não sei da onde veio o meu ah...
não veio
atravessou-me
como vento
e dei-o a ti,
para tira-lo de mim
e dividi-lo...
assim
mas deus
esta sempre além olhando
em silêncio
os olhos que olham
amor...
assim
vc
existe
ainda
aqui!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

capitulos

A onde estará Paris?

Começo aqui, essa história, que é minha e dela e que agora passa a ser sua.
Divido-a com você e espero nesse encontro, encontrar abrigo e ouvidos, mas já lhe digo antes de seguir adiante nas próximas páginas que virão, que nada há de extraordinário, nenhum assassinato a ser desvendado, nenhuma grande culpa, ninguém virá salvar o mundo e os amores são como os de sempre, com começo, meio e um doloroso fim. Então meu caro amigo, confesso já no inicio da nossa relação, que esse texto segue na necessidade vital desta que o escreve de transformar fatos em imagens, realidade em poesia, vida em história. Que desde muito nova, Alice não gostava de ser de verdade e inventava em silêncio várias outras pra se fazer uma nova imagem. Com cabelos escorridos, acastanhados e com mechas louras que reluziam ao sol, Alice tinha franja pesada que quase encobriam os pequenos olhos da menina, que eram meio puxadinhos, profundos e fundos, cheios de histórias da imaginação. Com muita dificuldade de se fazer entender, Alice preferia os passeios solitários que dava em cima da sua bicicleta azul ao redor da grande casa. Se estivesse sozinha, poderia estar a onde quisesse e com certeza ela não queria estar onde estava, queria estar um pouco mais ali, um pouco mais adiante, em um outro lugar, quem sabe: Paris!

sábado, 1 de novembro de 2008

o homem

o homem decidiu caminhar. pegou um mapa. escolheu seu destinho. contornou com caneta vermelha sua rota. ia partir, já estava tarde. não ia levar quase nada na mala. levava tudo nas costas. e nas mãos. deixava saudades. deixava uma parte. fechava as portas. as janelas para que a chuva não entrasse. passava as chaves nas trincas. esvaziava os armários. queria a estrada. a caminhada era sua rota de fuga. ou de busca. faria tudo em silêncio. sem perguntas. sem respostas. sem despedidas. andava pra longe. já na estrada. que era longa. ampla. e cheia de horizontes obscuro. era preciso redobrar a atenção. a decisão já havia sido feita. o que restava a ele, ao homem, eram pés, pernas e coração. tentaria seguir reto e sempre. não faria muitas paradas. e não teria arrependimentos. também não pensaria. iria arranjar mecanismos para não sentir. lutaria com as suas lembranças. sufocaria a memória. a imagem. dela. ela. nua. de costas. de frente. de lado. de olho aberto. de olho fechado. rasgaria tudo. não iria lembrar. até já estar tão longe que não se possa voltar. não iria se lembrar. asfixiaria cada tentativa de retorno. cada tentativa da sua memória em trazer de novo o cheiro. a voz. o sorriso. os ecos. os medos. não entraria em contato. seguiria em frente. reto. direto. sem curvas. sem graça. sem molejo. sem saudades.
era um homem. um homem da terra, cuja as decisões são duras e firmes. nada o abalaria. ela. dela ele não saberia mais. não ia procurar nos jornais. não ia atender telefone. responder cartas. mandar telegrama. ela, ele ia matar aos poucos. decisão concreta. aos poucos. sem pressa. até não existir mais ar. até ela parar de respirar. sem peso. sem dor. sentindo toda a dor do mundo. a cada passo. a cada dia de decisão. o tempo seria seu grande descanso. a estrada sua namorada. seus cabelos cresceriam. sua barba se torna tempo passado. suas mãos calejadas. o vento que bate. o passo que afasta. a memória que apaga. e depois de muito tempo. em um dia cinza claro, uma cor. uma flor. amarela. toda ela. algo apertou. dentro dele. tentou entender. já não lembrava. sentiu esse aperto somente. essa dor. e parou. viu que era triste. que tinha uma dor. mas se esquecera por que.