quinta-feira, 31 de julho de 2008

saudades

Se sinto saudades?
Sinto extremas
E tanta
Que nem penso
Se me fala a saudade
Não há busca que cesse
Então me resto
Não penso
Para poder desenrolar-me
Nos dias que me chegam
Novos dias
Novas caras
Novos sabores
Conhecimentos
E se me fala a saudade
Confesso-te
Eu me escondo
De medo
Preciso de pernas
E espaços
Estou a caminhar
A ver o futuro bem chegar

eu bem sei...

Eu bem sei que sentes como eu
Eu bem sei que amas como eu
Eu bem sei das dores que te tomam
Da morte que te espreita
Do medo que te consome
Eu bem sei desses saberes
Do caminho a caminhar
Eu bem sei a ti
Pois bem sei a mim
E se a mim conheco
Conheco então a ti.

o outro

A minha vida
só existe e faz sentido
se houver a presença do outro
Se houver o outro,
eu fico...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Paris


Verão
Aquieta o meu coração
Enfim cheguei
Se tanto caminhei
Nos meus circulos
Circulares
Nas minhas voltas
Em torno de mim mesma
Enfim me encontrei
Aqui
Verão
Paris
Eu e minha bicicleta
Cor de menina
Cor de rosa
E minhas palavras de vento
E meus quereres
Meus pensamentos
De menina
Glacê de fraises
Sil't vous plait SVP
Encontros
Tantos
Outros
E mais
Encontro-me
e já de mim fujo
Pois aprendo aqui
o não ser
que é tanto ser
o não saber
que é caminhar
o vir a ser
que será eu
eu serei o que?
se tanto sou
e nunca fui
Sou flor
que despetala
sem cessar
que sorri
que abre os braços
e diz:
Vem vida!
Me abraçar
Me encontrar
Me mostrar
Vem vida
Me tomar
Estou aqui!
Estou aqui pra lhe servir!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Há sempre um acontecimento maior
Acontecendo
Por de trás
do acontecimento
acontecido

sexta-feira, 11 de julho de 2008

fotinhos da caminhada




o lado de cá

Os franceses não tem compromisso algum com a felicidade,
Ser triste aqui é tão lógico como ser feliz aí.

Confesso que minha alma poeta sente-se muitas vezes em casa.
Mas por vezes penso:
Deveria eu ir-me a Portugal,
e deitar-me enfim e de vez,
Na cama da melancolia...

pra sempre


Vim a Paris tardiamente
Devia ter vindo
encontrar-me com Picasso
Pena...
Ele não me esperou!
Mas para aqueles com
fendas largas
e espaçadas
na alma,
compreende-se
Está tudo aqui!
Ainda,
Pra Sempre
Paris.

sábado, 5 de julho de 2008

as ruas de amsterdam

Não mais uma serpentina,
que desenrola bailarina,
pro alto,
sempre, sempre e sempre mais,
alice encontra-se
no seu grande caracol labirintitíco,
onde achar-se é impossivel,
tão possivel,
que eu posso me encontrar,
e transformar-me em meu
próprio caminho a caminhar,

E a procura deve ser silenciosa,
sem manifestar as aflições do tanto
não saber que essas idas e vindas
nos causam, no nosso eterno e pesado
querer.

E se não queremos nada,
podemos então tudo ter,
para querermos muito e
sempre e muito mais.

Então se o movimento
revela-se cada vez mais,
e tanto e sempre,
um eterno circular,
circundante,
sem saídas
e sem entradas,
sem partidas
e sem chegadas...

Aquieto-me em pausa,
e deixo o movimento
me guiar...

segredo

no momento em que desistimos
de procurar, é a única hora
em que temos chance de encontrar.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

je tombe, je m'eleve

PARIS - BERLIN 28.06

Paris c'est comme ça.
Parfois, c'est très beau!
Assim assim,
Parfois, c'est très dur!
Je tombe.
Je m'eleve!
Assim assim,
vou aprendendo a caminhar,
a errar incessantemente,
na certeza da busca
de uma nova era,
que sempre se avista,
na hora certa...
E se quis eu o caminho
do caminhar,
foi dado a mim,
então,
algumas outras,
tantas,
novas,
pernas,
para que a estrada
se descortine
em vastas e desconhecidas,
direções!
Para que eu possa continuar
caindo e descobrindo
o fundo abismo do chão,
Para que quando eu encontre o chão,
eu descubra a força do impulso
que me eleva,
e me faz bela
assim borboleta,
nestas novas noites
curtas e quentes,
da nova era.
Para que eu saiba cada vez menos,
Do que eu desejo saber cada vez mais.
Para que por vezes eu perca a lembrança
de minha própria feição,
para que eu não me reconheca,
para que eu não mais pertença,
nem mesmo a mim.
E por fim me reste a única certeza
que se é possivel ter:
certeza do movimento incessante,
a qual todos estamos condenados:
je tombe,
je m'eleve
c'est comme ça!