sábado, 27 de junho de 2009

um verão em paris


porque paris era assim uma nova escritura que escorria em mim
era chuva incessante mesmo quando fazia sol de trinta graus
porque em paris era denovo verão um novo verão
verão que ainda eu não conhecia
ele ia e vinha
o verão que eu ainda não sabia
de todas as formas que ele existia
ele vinha e ficava
em minha cama entre as minhas pernas
ele ia e me deixava e fazia calor em minhas pernas
o verão me amava e ia e vinha em minhas pernas
e fazia calor e nunca mais frio
e era verão denovo verão
um novo verão em paris
mas era ainda a solidão
a mesma que eu já conhecia
a solidão ela sim não me faltava um só dia
era o aprendizado constante dia a dia
a solidão de paris em mim
eu paris solidão em mim
uma fome incansável
comer tudo o que há em mim
deixar de existir e recomeçar
uma vez mais
um verão a mais
denovo
um verão em paris,
27 de junho de 2009.

terça-feira, 23 de junho de 2009

ele disse que vinha correndo!



ele disse que vinha.
que vinha correndo.
que vinha correndo lá de bruxelas.
estava na gard de bruxelas-midi.
e disse que vinha correndo.
ainda esta noite.
até paris.
disse que chegava no trem das 21:30.
na gard du nord.
e que pegava a linha quatro.
correndo. até saint placide.
e vinha então correndo.
até a rue du bac.
ele disse que vinha.
correndo. que chegaria ás dez da noite.
pra me ver. em paris. no 110 da rue du bac.
vinha correndo. de bruxelas até paris.
da gard du midi até a gard du nord.
da rue saint placide até a rue du bac.
ele vinha.
correndo.
com saudades.
violino de um lado. carregado.
coração do outro. acelerado.
faltam 4 minutos.
eu fiz o jantar.
ele disse que chegava ás dez.
e que vinha correndo.
correndo pra mim.

vou então para janela.
para vê-lo me ver.
para vê-lo chegar.

mais um verão



tenho misturado haydn com the cure.
tenho misturado minhas partes com as dele.

em paris é verão outra vez...

sábado, 20 de junho de 2009

Para José


A sua face bruta e endurecida

Retangular

Em minha memória,

Aparece em dias
em que nada sei

Enquanto escuto
Pedido de casamento
Em novas línguas

Reaparece em mim
A dor esquecida nos seus olhos

E sem mais esperar
A imagem de você

Nós dois

É para o nunca

O sempre

mais...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

o seu olhar melhora o meu...



Segundo G.H.

O ser repugnante de Clarice
Comia aos poucos a fragilidade dos meus órgãos
A barata negra que ela conhecera em suas andanças
Havia então à mim se apresentado
O enorme silêncio do não mais saber
E nunca ter sabido, enfim
Encontro com o vazio
Há gotas de sangue no branco do silêncio
O vazio é à mim vermelho
E grita uma dor sem palavras, surda e sem som
Enquanto escorre a água
E o sol se impõe como senhor no céu azul de um verão
Os trens e as baratas
Clarice e eu
Vejo nos olhos teus o meu berço
Lugar do meu eterno
A onde posso adormecer
A fatiga que consome a angustia do meus órgãos
Física, latente,
O não saber que deforma o meu rosto
A gosma quente da eterna barata
Que engole a minha voz
O silêncio que deita em mim suas horas
E sufoca o suspiro surdo dessa noite junina
De um verão para memória

sábado, 13 de junho de 2009

um resto que resta

A minha tristeza
está escrita em mim
E não me escapo
Me reconheço
No olhar baixo

Perguntas ao solo,
O quanto me resta?

As lágrimas,
Ainda choram
um choro infantil,

Me choram manhãs,
Onde não conheço
as perguntas
para de mim escapar,

Queria ser grande,
E ser muito mais bonita do que sou,

Pintei minhas unhas de vermelho
Para sentir-me fêmea forte

Me escondo em minhas palavras
Circulares,
Onde não digo muito
Nada,

E procuro caminhos
desencontrados...

procura

Procura incessante
De alguma saída
Para além do corpo
Evidente e Existente
Procura pelo que ainda não existe
Procura pela fome
Pelo ser inventado

De repente o silêncio

E não saber dizer as palavras necessárias

Todos esses reencontros

Tenho medo do seu novo rosto

A cada nova retomada

Um novo tempo,
Para despedir-se

365

E então ficou noite
mesmo antes do dia
ir embora...

Consumimos nossa fumaça de petalas
E fomos ao supermercado,
O chão ainda estava molhado,
Mas o céu ja não chorava

Ao contrario,

Anjos!

E:

Gateau de nuvens
Cor de rosa
Azul claro
Quase escondido
Entre o cinza gasto
De um dia triste

Supermercados são todos iguais.

Mas ele...

Ele agora me conta seus segredos em francês...

Ainda é Paris
Que escreve em mim
Novas historias
Que me amanhece triste
Que me traz flores de todas as cores

Ainda sou eu,
Mesmo longe de mim,

Cada vez mais perto,
Do que tão longe esta...

Ainda é o tempo que me escapa entre os dedos...

Ainda é o amor que me move as pernas...

Ainda era a chuva,
E ja era a noite,
Naquele mesmo apartamento,
Nossa fumaça cor de cores rosas,
Nosso idioma inventado...

Ainda era Paris,
Desconhecido outro,
Mesmo depois de 365 noites,

Em suas camas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

a janela

por trás da janela
o mesmo olho
a mesma paisagem
hoje chuva cinza
e menos esperança a cada hora
um começo de lágrima
afundada no fundo dos olhos
que olhava aquela mesma branca janela
e o nada que ela então declarava

ainda não era tristeza

então seria chuva
doce e calmo
esse inicio de
dia de lua
segunda feira

o céu que fora azul
era agora branco e calmo
até mesmo
cinza pálido

mas ainda não era a tristeza
era somente um silêncio
sem palavras
um pedaço de musica
suspenso no ar

havia algo doce e calmo
na agua de rolava do céu
havia na espera
ainda um resto de esperança

uma outra primavera

sábado, 6 de junho de 2009

existência


que seja então verdade que o senhor exista em qualquer parte
parte escondida, que seja invisivel mas que ao menos exista
que a gente não explique e nem sequer entenda e muito menos enxergue
mas somente lhe peço que existas
e não me escapes na hora em que te preciso
e sobretudo que me escutes e me protegas
enquanto eu repousar silenciosa
na esperança de que me olhas e me guardas,

que o senhor te escondas em cores coloridas de picasso e van gogh
ou então em canções esquecidas no tempo de tantas vidas
e mais ainda em sorrisos de meninas e meninos
e nos braços que abraçam o meu amor,

que o senhor seja flor e fruto,
seja a fome em conhecer-te
e seja também a cama em que me deito,

que o senhor seja fêmea
seja a lua e suas fases
seja todo o meu corpo
e o meu sexo que arde

que o senhor seja ainda e sempre
o meu orgasmo

e o meu não entendimento
das coisas que me tomam o ar
do tempo que me escorre
dos dias que me passam

eterno não saber
mistério silencioso
pergunta icessante

dormes a onde?

meu senhor,
em que cama repousas tuas angustias?
onde te encontro quando as lagrimas me afogam?
quando eu não mais em ti acredito?

...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

para ive (que olho daqui da minha janela)


gosto do passo parado aterrado preto encantado de menina mulher
fincada na terra com a cabeça no azul do céu
iludindo esquinas
calçada em seu fundo negro inalcançavel
silêncios femininos
trocas sutis de beijos amanhecidos
dias de festas acordados ao meio dia de um dia claro de outono

ive era a moça que calçava o passo do dia seguinte
e esperava o sol na janela
com uma mão que balaçava o vento
segurava um vício declarado
a fumaça de um cigarro ainda não fumado

os pés cerrados ainda calçavam a noite passada
as asas em formação naquele corpo feminino
a janela era estado do mais novo vir a ser

um sorriso as meninas e seus pés de sapatos
que as levam além
dos olhares entre as cortinas
daquela sala vazia

quarta-feira, 3 de junho de 2009

o tanto que te quero!



e que agora seja eterno!
pra sempre esse doce amanhecer ao seu lado...
meu amor,