quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

minha terra

minha terra,
olhando-a daqui de longe
é uma grande liberdade
de ruas abertas
e sorrisos alargados.

domingo, 29 de novembro de 2009

continuando...

continuávamos então,
a subir no mais alto galho da esperança morna,
por que era morna a esperança?
não sabiámos,
somente esperávamos,
continuando a olhar a crescente subida
rumo ao céu de cores esquecidas,
seria esse o nosso outono calado?
seria essa a nossa esperança estremecida,
mesmo que continuada,
continuo...contínuo, continuando...
então a esperar-te.

inverno



pele.
chama quente.
que me chama ao leito.
pele, cor de leite.
ainda verão. barcelonesco.
fogo. que me deita cedo.
que me abraça à tarde.
tarde. noite. pele.
que me falta agora.
que me é inverno.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

estável

estável.
desfoca o foco.
da estabilidade.
árvores.
vento.
grama.
sem fim.
o céu azul.
estável.
todo esse movimento.
do sem fim.
das cores claras.
dos galhos finos.
das noites claras.
da hora rara.
assim. estável.
eu diria.
sim.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

rotina.

entrecortada
pela janela
poesia escondida
sorri entre folhas
de um dia
em partida
um começo de noite
um respiro
de vida
entre galhos
e uma certa esperança
regressa,
regresso.

não acaba.

retorna.
eterno.
sem fim.
desenrola.
conheço.
amanheço.
anoiteço.
pertenço.
e é assim.
sem fim.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

esquecimento

foto de ivi, poema inspirado também por ela



em partes amarelas... alaranjadas...
assim em um céu sem fim...
esquecimentos...
o dia então esqueceu-se
que a noite vinha...
e ficou fim de tarde...
pra sempre,
no tempo
de um tenro esquecimento.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

despetalada...



eu essa noite sou a forma de uma lágrima molhada e despetalada...

você

porque me dói no mais fundo profundo do meu ser a falta imensa que você me faz.

minha terra minha

estar longe da terra minha
encontrar em mim novos caminhos
afastar-me... afastaram se assim...
novos caminhos que percorrem em mim
espero enocontrar-me um dia
um outro dia
um novo sol...
agora a noite dorme em mim
ao meu lado um frio vazio
de outono amarelado
e folhas que choram em silêncio no chão
molhado de lágrimas... de faltas...
de caminhos desencontrados
nunca mais verão.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

dedos.

tempo outro de despedaços.
inconsistência concreta.
frio. te escapo. em fios.
de céu e espaço.

o retrato.

poesia desgastada
de um tempo outro amarelado
quando belos são se gasta
se ausenta e deixa buracos
bonito retrato
da moça amarelada
que esconde
os olhos abaixados.

só o agora (inspirado por ive)

para sempre o amanhã.
para memória,
ontem fica guardado
nos olhos do sonho.
só existe o agora.

domingo, 27 de setembro de 2009

zunido

de repente as palavras
ficaram mudas na minha mente
não sai
não vem
é só um zunido agudo
no ventre do meu ouvido

e eu

não sei o que isso quer dizer.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

chuva parisina

chuva caiu anunciando a mudança
chuva nas águas roladas do céu


chuva forte,
rara,
chegou hoje aos céus de paris,
foi o tempo de mais um cigarro.

carona desconhecida no meu guarda chuva azul,

paris e a chuva,

essa gente que não se conhece,
essa estrangeridade que permanece,

paris hoje pareceu aos meus olhos
filme de cinema francês,


choveu,
porque começa a mudança.

vai novamente ficar frio por aqui.

domingo, 6 de setembro de 2009

trens

Vou comprar todos os bilhetes de trem que me aproximarem de você.

o seu olhar.


Entre o pedaço de estrada
que me leva até você
dorme calada toda a minha saudade
que corre desenfreada obstinada,

Rever o reflexo
das minhas formas
no imenso azul
que mora em silêncio de águas
no fundo profundo
dos olhos teus.

a estrada.

Sabiámos da estrada o passo.

De pés juntos.

Minhas mãos entre as suas.

Meu sorriso nos seus lábios.

Inevitável. Percurso.

O desconhecido.

Aventura da estrada ainda não traçada.

Não há receio.

Juntos somos muitos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

partida


as partidas e chegadas e repartidas das suas idas e vindas malas feitas e desfeitas cama vazia chuveiro que chora mais um dia de partida quando você volta volta sempre volta agora e não me deixa nunca mais barulho de despertador que acorda cedo o trem vai partir em uma hora então café em uma xicara grande porque ainda dorme ainda sonha e quer ficar mas não pode então corre porque a mala pronta já te espera ansiosa na porta de saída e te vejo partindo descendo as escadas entrando na rua e sumindo na esquina fiquei na janela chorei na sua espera na casa falta uma parte suas mãos o seu cheiro a minha parte o meu sorriso você leva embora embora contigo por isso não demora e retorna-te a mim o mais rapido impossivel.

domingo, 30 de agosto de 2009

le dimanche


sentir-se incapaz dentro da sua janela
olhar o mundo em aquario
e ver que a vida passa sempre em alguma parte
escondida e camuflada
procurar procurar procurar
procurar a ressonância da sua própria VOZ
a onde grito desespero
quem me escuta?
peço a clemência de algum ouvido
qualquer
uma escuta
uma porta
uma nova possibilidade

o tempo.

devo a ti esperar-te?

sábado, 29 de agosto de 2009

a meia lua


coabitação


começo de uma meia noite


te encontro

na pausa

dos atos cotidianos

domingo, 23 de agosto de 2009

23 de agosto!

29!

tenho agora um salto alto!

muito bonito!

flores doces

gateau au chocalat

à la française!

et j'adore!

merci!

evoé!

que venha ó vida! sempre ela! sempre bela!

amém

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

meu doce inferno

então era assim

antes de dormir

quando fazia calor

as portas abertas

o reflexo do espelho

a sua cabeça na minha cintura

escuro sombreado de brancas luzes sútis

você me pergunta:

qual porta eu escolheria,

eu te respondo,

você me pergunta,

ainda,

se te amar me salva,

me mata também,

inferno e paraíso.

condição primordial de existência,

os dois existem

juntos e ao mesmo tempo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

meio dia.

meio dia. ainda agosto. sempre paris.e piaf veio me visitar. dia de marché no boulevard raspail. almoço: pasta com legumes frescos. sol de verão. ainda esquenta o peito aquecido. você acordou cedo hoje. insônia matinal. senti sua falta na cama. levantei para te procurar. te beijei e você fez o café. tartine com geléia de fraises. me apaixono mais a cada dia pelos fios loiros que habitam a sua cabeça. pelas mãos que me tocam e fazem música. pelo que seremos. pelo que somos. um verão eterno. uma paris aberta. possibilidades. a minha língua francesa. o meu apetite. o seu apetite. os beijos antes do sono. os sonhos nos olhos.
estou contente. minha mãe disse que chovia em são paulo. pobres paulistas. ainda choram o inverno. hoje o sol é amarelo em paris. as ruas estão ainda quase vazias. meu peito esta repleto. minha mão alcança a sua. meu passo segue o seu. e seremos assim. grandes. infinitos. intensos. verdadeiros. como a gente sonhou!

domingo, 16 de agosto de 2009

a saudades que vem me visitar

saber que o tempo

se alarga fêmea

no espaço eterno

do vento

mas que a saudades

chega

e não vai embora

com ele

fica em mim

flor

de raízes fundas

profundas

balançando pétalas despetaladas

no assopro quente do rei

o vento

sábado, 15 de agosto de 2009

agostar em mim!


agosto em paris.
um novo agosto em mim.
nem sempre verão em paris.
nem sempre verão em mim.

agosto me sorri.
e me deprime.
me dá boas vindas.
me traz minha velhice.

duas décadas de agostos em mim.

agosto vem agostar em mim,
meus anos felizes de vida!

denovo em paris.
ainda bem que é paris.

mais bonita.
colorida.
e vermelha.

paris hoje é fêmea.
de pernas abertas.
e cama desfeita.

geléia de fraises,
abricots, reine claude,
compotas, bananas
e fotografias do meu eterno.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

hoje.

hoje. 12 de agosto.

chegam.

malas. sapatos.
casacos de inverno.
panelas.
partituras.
uma parte da música.
e todo amor que houver nessa vida.

eu quero.

domingo, 9 de agosto de 2009

silêncio

Eu perdi todas as palavras

Escutando o mar...

Asciano


Suas pernas entre o fruto doce do meu centro

Caminhos de água percorrem o corpo ainda quente

O seu suor na minha carne

Desejo, desejas...

Inevitável pecado,

Seus olhos desaguam
Azul,
No suspiro ardente do meu ventre.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

denovo o vento

um pedaço de

esperança

espera calado

no assobio do vento

que assopra quente

em minha pele

um som de amanhã

de pra sempre

de muito querer-te

promessa de eterno

se vai com o vento

e torna-te sempre

regressa-te quente

o vento

movimento

do vento

quase parado

calado

vermelho

dorado

abrindo

outros

espaços

me calo.

CONEXõES PARTE 1


EXPANSÃO

DILATAÇÃO

RESPIRAÇÃO

INSPIRAÇÃO

SONS QUE CRIAM
ESPAÇOS DE IMAGEM

RELÓGIO AO MEIO DIA
SINOS
CRIANÇAS DE FERIAS

CARLOS KLIBER
VALSA DE STRAUSS
A SÉTIMA SINFONIA DE BEETHOVEN

BICICLETA
BICICLETA AZUL
AGHATA CHRISTIE

PARIS

segunda-feira, 13 de julho de 2009

o vento e a raíz

eu.
mulher de raízes.
ás vezes assusto-me
com o tamanho
do movimento
que habita o vento.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

viva pina!





Viva Viva Pina poeta dos braços que alcançavam o céu...

o meu existir


eu existo mais quando você está
e desapareço a cada partida quando você vai
faço do meu corpo a espera continua
e só existo nas horas em que sei
que tu regressas em breve para mim

sábado, 27 de junho de 2009

um verão em paris


porque paris era assim uma nova escritura que escorria em mim
era chuva incessante mesmo quando fazia sol de trinta graus
porque em paris era denovo verão um novo verão
verão que ainda eu não conhecia
ele ia e vinha
o verão que eu ainda não sabia
de todas as formas que ele existia
ele vinha e ficava
em minha cama entre as minhas pernas
ele ia e me deixava e fazia calor em minhas pernas
o verão me amava e ia e vinha em minhas pernas
e fazia calor e nunca mais frio
e era verão denovo verão
um novo verão em paris
mas era ainda a solidão
a mesma que eu já conhecia
a solidão ela sim não me faltava um só dia
era o aprendizado constante dia a dia
a solidão de paris em mim
eu paris solidão em mim
uma fome incansável
comer tudo o que há em mim
deixar de existir e recomeçar
uma vez mais
um verão a mais
denovo
um verão em paris,
27 de junho de 2009.

terça-feira, 23 de junho de 2009

ele disse que vinha correndo!



ele disse que vinha.
que vinha correndo.
que vinha correndo lá de bruxelas.
estava na gard de bruxelas-midi.
e disse que vinha correndo.
ainda esta noite.
até paris.
disse que chegava no trem das 21:30.
na gard du nord.
e que pegava a linha quatro.
correndo. até saint placide.
e vinha então correndo.
até a rue du bac.
ele disse que vinha.
correndo. que chegaria ás dez da noite.
pra me ver. em paris. no 110 da rue du bac.
vinha correndo. de bruxelas até paris.
da gard du midi até a gard du nord.
da rue saint placide até a rue du bac.
ele vinha.
correndo.
com saudades.
violino de um lado. carregado.
coração do outro. acelerado.
faltam 4 minutos.
eu fiz o jantar.
ele disse que chegava ás dez.
e que vinha correndo.
correndo pra mim.

vou então para janela.
para vê-lo me ver.
para vê-lo chegar.

mais um verão



tenho misturado haydn com the cure.
tenho misturado minhas partes com as dele.

em paris é verão outra vez...

sábado, 20 de junho de 2009

Para José


A sua face bruta e endurecida

Retangular

Em minha memória,

Aparece em dias
em que nada sei

Enquanto escuto
Pedido de casamento
Em novas línguas

Reaparece em mim
A dor esquecida nos seus olhos

E sem mais esperar
A imagem de você

Nós dois

É para o nunca

O sempre

mais...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

o seu olhar melhora o meu...



Segundo G.H.

O ser repugnante de Clarice
Comia aos poucos a fragilidade dos meus órgãos
A barata negra que ela conhecera em suas andanças
Havia então à mim se apresentado
O enorme silêncio do não mais saber
E nunca ter sabido, enfim
Encontro com o vazio
Há gotas de sangue no branco do silêncio
O vazio é à mim vermelho
E grita uma dor sem palavras, surda e sem som
Enquanto escorre a água
E o sol se impõe como senhor no céu azul de um verão
Os trens e as baratas
Clarice e eu
Vejo nos olhos teus o meu berço
Lugar do meu eterno
A onde posso adormecer
A fatiga que consome a angustia do meus órgãos
Física, latente,
O não saber que deforma o meu rosto
A gosma quente da eterna barata
Que engole a minha voz
O silêncio que deita em mim suas horas
E sufoca o suspiro surdo dessa noite junina
De um verão para memória

sábado, 13 de junho de 2009

um resto que resta

A minha tristeza
está escrita em mim
E não me escapo
Me reconheço
No olhar baixo

Perguntas ao solo,
O quanto me resta?

As lágrimas,
Ainda choram
um choro infantil,

Me choram manhãs,
Onde não conheço
as perguntas
para de mim escapar,

Queria ser grande,
E ser muito mais bonita do que sou,

Pintei minhas unhas de vermelho
Para sentir-me fêmea forte

Me escondo em minhas palavras
Circulares,
Onde não digo muito
Nada,

E procuro caminhos
desencontrados...

procura

Procura incessante
De alguma saída
Para além do corpo
Evidente e Existente
Procura pelo que ainda não existe
Procura pela fome
Pelo ser inventado

De repente o silêncio

E não saber dizer as palavras necessárias

Todos esses reencontros

Tenho medo do seu novo rosto

A cada nova retomada

Um novo tempo,
Para despedir-se

365

E então ficou noite
mesmo antes do dia
ir embora...

Consumimos nossa fumaça de petalas
E fomos ao supermercado,
O chão ainda estava molhado,
Mas o céu ja não chorava

Ao contrario,

Anjos!

E:

Gateau de nuvens
Cor de rosa
Azul claro
Quase escondido
Entre o cinza gasto
De um dia triste

Supermercados são todos iguais.

Mas ele...

Ele agora me conta seus segredos em francês...

Ainda é Paris
Que escreve em mim
Novas historias
Que me amanhece triste
Que me traz flores de todas as cores

Ainda sou eu,
Mesmo longe de mim,

Cada vez mais perto,
Do que tão longe esta...

Ainda é o tempo que me escapa entre os dedos...

Ainda é o amor que me move as pernas...

Ainda era a chuva,
E ja era a noite,
Naquele mesmo apartamento,
Nossa fumaça cor de cores rosas,
Nosso idioma inventado...

Ainda era Paris,
Desconhecido outro,
Mesmo depois de 365 noites,

Em suas camas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

a janela

por trás da janela
o mesmo olho
a mesma paisagem
hoje chuva cinza
e menos esperança a cada hora
um começo de lágrima
afundada no fundo dos olhos
que olhava aquela mesma branca janela
e o nada que ela então declarava

ainda não era tristeza

então seria chuva
doce e calmo
esse inicio de
dia de lua
segunda feira

o céu que fora azul
era agora branco e calmo
até mesmo
cinza pálido

mas ainda não era a tristeza
era somente um silêncio
sem palavras
um pedaço de musica
suspenso no ar

havia algo doce e calmo
na agua de rolava do céu
havia na espera
ainda um resto de esperança

uma outra primavera

sábado, 6 de junho de 2009

existência


que seja então verdade que o senhor exista em qualquer parte
parte escondida, que seja invisivel mas que ao menos exista
que a gente não explique e nem sequer entenda e muito menos enxergue
mas somente lhe peço que existas
e não me escapes na hora em que te preciso
e sobretudo que me escutes e me protegas
enquanto eu repousar silenciosa
na esperança de que me olhas e me guardas,

que o senhor te escondas em cores coloridas de picasso e van gogh
ou então em canções esquecidas no tempo de tantas vidas
e mais ainda em sorrisos de meninas e meninos
e nos braços que abraçam o meu amor,

que o senhor seja flor e fruto,
seja a fome em conhecer-te
e seja também a cama em que me deito,

que o senhor seja fêmea
seja a lua e suas fases
seja todo o meu corpo
e o meu sexo que arde

que o senhor seja ainda e sempre
o meu orgasmo

e o meu não entendimento
das coisas que me tomam o ar
do tempo que me escorre
dos dias que me passam

eterno não saber
mistério silencioso
pergunta icessante

dormes a onde?

meu senhor,
em que cama repousas tuas angustias?
onde te encontro quando as lagrimas me afogam?
quando eu não mais em ti acredito?

...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

para ive (que olho daqui da minha janela)


gosto do passo parado aterrado preto encantado de menina mulher
fincada na terra com a cabeça no azul do céu
iludindo esquinas
calçada em seu fundo negro inalcançavel
silêncios femininos
trocas sutis de beijos amanhecidos
dias de festas acordados ao meio dia de um dia claro de outono

ive era a moça que calçava o passo do dia seguinte
e esperava o sol na janela
com uma mão que balaçava o vento
segurava um vício declarado
a fumaça de um cigarro ainda não fumado

os pés cerrados ainda calçavam a noite passada
as asas em formação naquele corpo feminino
a janela era estado do mais novo vir a ser

um sorriso as meninas e seus pés de sapatos
que as levam além
dos olhares entre as cortinas
daquela sala vazia

quarta-feira, 3 de junho de 2009

o tanto que te quero!



e que agora seja eterno!
pra sempre esse doce amanhecer ao seu lado...
meu amor,

sábado, 30 de maio de 2009

Margarita

Margarita Maria

criança

ainda toda
triste inteira
em seu cinza
amarelado
e suas saias
de cobrir vergonhas
ainda não sonhadas

Flor no cabelo
das meninas de Picasso
de olhares deformados

maria augusta

Maria Augusta Sarmiento

tinha os olhos marejados
e as mãos deformadas
feitas por Picasso
Morava em dias cinzas
Com um resto de azul amarelado
Tinha sombrançelhas de desconfiança
E um movimento de devoção inacabado

vermelho de picasso

Paris vermelho de Picasso
Dilatado em cores
Outras
Sempre espanta espanha
Sempre um grito
Preso na garganta
Vermelho e baixo
As vezes o feio
Também é bonito

picassos

Decadentes homens
Picassianos
Ainda sem cores
Formas inacabadas
Gênios por vir a ser

nosso orgasmo


Seria então a parte fragmentada
dos seus olhos
o meu olhar recortado
das suas partes
brancas que escorrem
leite pela pele alva do seu corpo
a sua matemática exata
a minha ordem esquecida
o seu sorriso
meu lugar de descanso
O seu gozo como último pedido
A morte como a única saída

meu amor


quando existiu
então
entre o espaço


o silêncio


eu te amei
pela primeira vez

terça-feira, 26 de maio de 2009

o eterno

sabiámos do começo
o fim
sempre anunciado
quando se quer o eterno

eterno

começo

do

fim

quinta-feira, 21 de maio de 2009

mulheres de picasso

as mulheres sem rosto
de picasso
sempre me fazem pensar
no eterno
de seus traços inacabados
porque o eterno
é o fio do nunca
fim que finda
infinito no corpo
sem formas
da mulher desconhecida
inacabada e nunca vista

domingo, 17 de maio de 2009

domingo ainda

gosto de paris aos domingos

quando chega o fim de tarde

e o sol vem me dizer bom dia

já na partida

onde você sempre volta

subindo as escadas

escuto seus passos

e corro pra ver-te

espalhar-te em meu sorriso

gosto de paris

ainda nova

ainda estranha

poesia mutante

cada vez menos

cada vez mais

te encontro
me encontro
desencontro

eu que me faço fêmea

nos domingos de chuva,

e sol

quando você me deita

fiquei

tudo é tão bonito aqui

que eu fiquei um tempo

e pousei o olhar descendo baixo

e devagar sobre o invisivel

que me apareceu assim

no silêncio do seus olhos

despetalar constante

inconstante,

daquela flor

então

fiquei

domingo

gosto de paris aos domingos

do silêncio e da chuva

ás vezes gosto de estar sozinha

quando sei que você chega

no fim dessas horas

quinta-feira, 14 de maio de 2009

o gosto amargo do doce amor


Tinha agora o amargo deitado em minha boca quente,
e não entendia o porque,
tinha eu descoberto enfim o amor?
E seria então o doce amor já amargo?
Se carregava eu no ventre vazio
todas as perguntas proibidas de respostas,
o amargo seria um certo medo da vida?
O que de fato eu temia?

Quantos trens serão necessários partir para que eu me encontre com Deus?
Quantos livros vou ter que deixar de ler para aprender a me inscrever?

O que eu encontro em você que chamo agora de amor?
Se já sinto o gosto amargo, sendo o amargo bom,
Porque o amargo é a vida que pulsa violenta em meu sangue
que se esparrama pelo meu corpo fértil,
Tantos, novos e eternos quereres...

À quem encontro no fim desta linha férrea?
Você que me chegou assim,
sem nenhum aviso,
sem nem dizer-me bom dia,
chegou-me de noite, menino,
me colocou em sua cama
e velou meu sono,

E tive então coragem de olhar nos olhos
e dei-te mais do que meu corpo quente,
quando me entreguei a ti,
nos mares uruguayos da velha cidade encantada,
dei-te toda a minha alma fria,
minha meninice,
meu dentro escondido,
meu doce fluído,

Mas não te escolhi
E nem me perguntei
Se era ou não você,
E nem mesmo abri espaço,

Foi como o desabrochar de uma flor,
Um dia eu acordei,
E a manhã já era ela a própria flor.

sábado, 9 de maio de 2009

la musique


se tens nas mãos, a música
quero te pra sempre escutar-te
em nosso idílio noturno
de um tempo outro
onde encontro amor

se tem nos olhos, a música
quero refletir em flor
no seu azul que escorre fundo profundo
e lava a face alva que aporta a sua alma

suas lágrimas são agora as minhas
me lavo no seu pranto
e assim me faço pura

seu sorriso,
lugar onde agora descanso

sexta-feira, 8 de maio de 2009

meu desayuno uruguayo


e tinha gosto de desayuno e céu azul
e tinha olhos de anjo
e mãos de mágica
que faziam música
e cantavam um novo amor

a primavera dessa vez foi do lado de lá

chegou assim
de um apanhado de surpresa

corredor vazio,
porta a porta com você
roubaste um beijo meu
e me deste em troca o seu coração

menino,
dos olhos claros,
pele alva,
beijo na boca,
boca tua,
agora é morada minha,

te quero,
e hoje sou sua.

domingo, 19 de abril de 2009

sabado, dia 18 de abril, choveu sem parar em paris...

quando vi seu recado já tinha ido afogar a minha crise na rua. na chuva. peguei o metrô. e fingi pra mim mesmo que a vida ia continuar amanhã. e vai. não entendo. tem dias que faz sol e é só neles que eu quero viver. talvez ele não goste de mim. talvez ele me ame demais. eu não falo francês. ele sempre ganha o jogo. eu não sou atriz do cinema francês e não serei. nasci em são paulo. são paulo é longe daqui. paris esta noite. fui pra rua. fui toda valente. tava chovendo. desde que eu acordei. sabado, dia 18 de abril, em paris choveu sem parar. eu fico muito sozinha em paris. mesmo estando com muita gente. eu sei muito pouco sobre o meu futuro. ontem a noite morreu um amigo. amigo meu. amigo de outros amigos meus. ele falava umas coisas bonitas. lembro da primeira reunião política que participei (não participei de muitas na minha vida, não sou um ser político.) mas nessa ele estava lá. com o seu inconfundivel óculos escuros, que escondia talvez a insônia de mais uma noite não dormida. reinanldo maia. ser do teatro. desses eternos. pra sempre. falava bonito. acreditava em um monte de coisa que ninguém mais acredita. se indignava. inventava qualquer motivo para poder falar daquilo que lhe afligia o peito. tinha gostado da minha peça, aquela que foi um fracasso. ele gostou. falou bonito. escreveu bonito. era um ato de companheiro, de camaradas. o nelson me contou que ontem a noite o galpão do folias d'arte, lá no centro da cidade de são paulo, estava repleto de gente. até o pipoqueiro foi vender pipoca. foi o velório do maia. ele tinha muitos amigos. se eu estivesse em são paulo eu estaria lá. eu queria estar em são paulo. com os meu amigos. mas essa noite estou em paris. e em paris chove desde manhã. e eu não fui convidada para festa parisiense descolada. eu fui ser estrangeira. desconhecida. solitária. exótica, por que não? pour quoi pas? je m'en fou. a vida passa rápido. hoje chove. e eu não estou alegre. amanhã talvez faça sol. talvez eu sorria um pouco mais. eu sorri hoje. mesmo estando triste. a vida. tenho mesmo que inventa-la. a cada dia. e ela é cheia de surpresas. das mais incriveis. daquelas que a gente nem possa imaginar...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

espera tua

nunca foi fácil continua não sendo encontrar-te requer paciência
e como se eu conhecesse o caminho dos nossos passos a frente
espero te calma e silenciosa porque sei do nosso inevitável reencontro
mas não quero te gastar quero te fazer pouco pouco
nunca cotidiano sempre dia de festa gravata e vestido novo
telefone que toca e não encontra você liga e eu não atendo
eu te ligo e você não atende até que uma hora é novamente possível
meu menino pequeno parisino de lábios pra sempre
de olhos medrosos de passos embaralhados de um querer que recua
e avança tantas e tantas vezes sou moça que veio de longe
a tentar-te o amor mas não te quero no sempre
nos temos quando já não se faz possível mais a tal espera
então me acalmo para poder de novo entregar-me a eternidade
desse sentar lorquiano das moças que ficam na calçada a espera
desse amor sem nome sem rosto mas com o gosto que elas tanto se lembram...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

que venha!


é bonito
ver a vida escorrer
pelos dias
que se vão

é bonito
ver a música
se fazer no instante
do encontro das mãos

homem
senhor
menino

ver-te assim
abre em mim
caminhos
de quereres
caetaneanos

faz-se a música
e os encontros

o palco
é sempre
o mesmo
grandioso

ainda temo
os seus segredos,

mas o circo roda,
segue viagem

sou moça que foi levada
pelo amor a caminhada

vim longe,
vou ainda mais,

tenho pernas longas
e mãos que querem o mais!

sábado, 11 de abril de 2009

o contrário


de repente uma manhã de chuva
acordou em mim nesse sábado
de poitiers,
onde ainda resto,
pequena cidade francesa,
com um teatro amarelo,


mas acordou cedo esta manhã em mim,
eu que me disse dormir pra sempre
enquanto o sol acorda primeiro
de repente se fez assim o avesso
insônia matinal,
cinza e chuvosa,
mas aceitei-a na minha cama,
e me invadi de pensamentos
e espreguiçamentos sem fim,

e descobri que somos assim
o avesso do avesso do avesso sem fim

sexta-feira, 10 de abril de 2009

insomaniaque

minhas insônias pertecem a madrugada,

poderia dormir para sempre todas as manhãs que me restam...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

la magie d'être!


Ce qui fait vivre les fleurs sont les yeux qui les regardent!

ao vento


algum outro lugar inventado de palavras existia escondido no sorriso que aparecia na timidez da boca tua

um lugar possível

onde o impossível encontrava sua cama para deitar-se largo e exato

para espreguiçar preguiçoso mesmo que curioso

dos contornos da minha carne fresca

era eu musa dos seus sonhos tropicais?

era eu algum lugar talvez

em sonhos sonhados em noites frias e distantes

sorriso velado e medroso

passos calculados e meticulosos

de uma dança estendida nos minutos de uma espera infinita

faço o que eu senão esperar-te

ainda e sempre e mais

que já nem sei mais a quem espero

ao vento talvez

que ele então me leve fresca e leve

sempre além.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

utopias

Lo Fatal - par Rubem Dario

Dichoso el árbol, que es apenas sensitivo,
y más la piedra dura porque ésa ya no siente,
pues no hay dolor más grande que el dolor de ser vivo
ni mayor pesadumbre que la vida consciente.

Ser, y no saber nada, y ser sin rumbo cierto,
y el temor de haber sido y un futuro terror...
Y el espanto seguro de estar mañana muerto,
y sufrir por la vida y por la sombra y

lo que no conocemos y apenas sospechamos,
y la carne que tienta con sus frescos racimos,
y la tumba que aguarda con sus fúnebres ramos
¡ y no saber adónde vamos,
ni de dónde venimos!...

desejo

Esperons!

Chegou em mim uma nova crise. Bombardeio de acontecimentos dos últimos tempos, dias viram anos, horas viram vidas, que são paridas em um novo corpo que começa a existir nas minhas velhas formas. Vendo o tempo passar pela janela, pergunto-me : para onde nos levam os trens?
Tenho que lutar diariamente com a minha mediocridade. Com a minha vontade de criação e a impotência de tantas vezes nada criar. Porque o que diferencia os seres humanos é exatamente o que deles se faz criação.
Fui ver, nesta última quarta feira, Jan Fabre no Théâtre de la Ville, em Paris. Não conhecia Jan Fabre, não sabia quem ele era e nem sobre o que ele falava. Amigos me disseram que eu tinha que ver, então eu fui. Como sempre fiquei uma hora e meia na fila de espera, porque esses espetáculos desses « megas contemporâneos » são sempre lotados, o que não significa de forma alguma que não haja lugares para os esperançosos. Gosto de ir ao teatro sozinha, e faço muito isso em Paris. Não foi fácil ver Jan Fabre, pelo menos pra mim, os amigos conhecedores riram gentilmente da minha inocência chocada. Pensei na minha mãe, que se chocou com a minha última peça de teatro em São Paulo, imagine você se ela encontrasse Jan Fabre ? Isso nunca vai acontecer ! Ainda bem que de alguma forma abri em mim espaços que me permitiram ir além, vir a Paris, ao teatro de la Ville, para poder ver e esse e tantos outros grandes artistas do nosso tempo. Talvez seja esse presente de papai, que mesmo tendo torcido o nariz, disse baixinho pra mim, quando assistiu a mesma peça que mamãe ficou chocada, o público não vai mesmo gostar minha filha, porque não vai entender, mas a critica vai falar bem, afinal isso é coisa de artista, artista contemporâneo ! E era, mas a critica paulista também não entendeu, vejam só, e pixou assim como boa parte do público a nossa suada criação, fomos enfim um fracasso, daqueles que nos marcam, tanto para o bem, como para o mal.
O público de Paris ontem ficou. Normalmente quando a peça choca assim, metade se vai. Ontem algo aconteceu, alguma pergunta deixou o público parisino imóvel em suas cadeiras, mas com certeza borbulhante em suas veias . Não mamãe, não tinha nada de bonito acontecendo no palco, era tudo feio e agressivo, não existia mais a possibilidade de sonhar com uma possível salvação, redenção, era posto e escrachado a nossa fracassada existência, o nosso fracassado sistema. E pior, ou melhor, num riso sarcástico, bem alto, desafiando qualquer crença que ainda restasse.
Jan Fabre diz : « Tudo se compra, se pode e se faz ! Tudo é normal. A pornografia entra em vossas casas por todos os canais midiáticos, a publicidade recicla o erotismo , o sexo se prática no telefone e a intimidade é exposta em toda parte. Onde está o verdadeiro desejo ? Nossa sociedade competitiva transforma o orgasmo em performance. Os valores se evaporam nessa normalidade triunfante. A extrema direita se coloca sem complexo. A humanidade se dissolve no mercado. O que resta do nosso ideal de beleza ? Do nosso idealismo ? »

Enfim, estava tudo lá desenhado em seu palco, de formas duras e riso largo. No final eles dançaram e Dionísio me salvou, enxerguei, mesmo diante à tanta descrença, um fio dessa tal beleza perdida, que ele me perguntou onde estava. Estava lá Mister Faber, no corpo humano pulsante dos seus bailarinos, que ainda querem dançar a beleza que há, mesmo que seja uma dança infernal.
Saí do teatro sozinha, sem saber o que pensar, liguei para um amigo, já muito mais andado do que as minhas pernas, mas ele não estava no momento. Pena. Queria o diálogo imediato. Fiquei no meu silêncio ensurdecedor. Peguei minha bicicleta e parti. De volta pra casa. Casa agora, Paris, o que muito me agrada. Pensei no Nelson, pensei no Marcão, pensei no nosso teatro.

Domingo fui assistir Maguy Marin, que também conheci nessas últimas idas aos teatros parisinos, nem sempre em Paris, diga-se de passagem. Mas Maguy Marin merecia mil viagens de trem para periferia. Sua criação, de uma beleza e crueldade que meus olhos conhecem simplesmente porque meus olhos são muito mais velhos do que a minha própria existência, e se fazendo mítico aquilo que se inscreve em cena, tudo em mim compreende. Maguy Marin é para os meus olhos o mais novo sonho. A existência possivel do belo, do cruel, daquilo que é, que respira, que pulsa, que recebe, que doa, que indaga, que ainda sonha. Feminino, por que não ?

Hoje o trem que eu peguei na Gare Montparnasse me trouxe a pequena cidade de Poitiers, no caminho, mil coisas na minha cabeça. A constatação da mediocridade que existe em mim. A vontade de gritar. Fuck you ! Como ontem gritou Jan Fabre em mim ! Fuck you Jan Fabre ! Fuck you ! A vontade imensa de criar meus próprios caminhos. A minha poesia.

Ariane Mnouchkine, com quem estive no último inverno, disse que acredita que estamos entrando em uma nova era, um retorno a gentileza, as utopias, a beleza. Aos ritos. Acho que prefiro descansar nas palavras de Ariane. Não que Jan Fabre não tenha para mim extrema importância e todo o meu respeito. É justamente ele que me deixa sem dormir, enfim. Mas sou menina e aprendi a gostar dos contornos mais sutis.

A verdade é que nos últimos tempos tenho estado com pessoas muito especiais, desde as mais celebres, as mais anônimas, todos inscrevem em mim memórias para o amanhã. De novas amizades, parcerias e amores. Amigas que partem ainda cedo. Parcerias que se criam, para ainda futuro. Vizinhanças que se aproximam sempre e mais. Paixões que retornam em sábados de madrugada primaveril de gravata cor de rosa e gosto de champange nos lábios que me tentam ainda e sempre e mais, vontade de dançar um último tango em Paris. Dançamos então ! Viva viva esses encontros de vida ! Viva viva curso de salsa as cinco da matina no meu salão ! Viva viva a união franco brasilina que alarga os corações ! Viva Maguy Marin ! Jan Fabre ! Fernando Eichenberg ! Ariane M. ! Erica Montanheiro ! Mrs B. ! Viva viva essa Poitiers que chegou hoje em mim ! Viva viva essa tal mediocridade que me dá ganas de querer mais e mais ! Viva viva Florentino ! Viva Baskerville, eterno sempre em mim ! Viva toda uma saudade ! Viva viva aos viajantes, e principalmente um viva para aqueles que tem coragem !

sábado, 28 de março de 2009

notre dame de paris

o dia em que a gente não viu maguy marran

Não deu.

o tempo corre mais pra frente do que a vontade das pernas.
os trens nem sempre chegam no horário marcado.
taxi em paris é metáfora
os amigos...
a gente encontra em noites inesperadas.

engraçado e bonito,
ele se lembrava que eu estava tomando chá
na primeira noite em que nos vimos.
deve ter mesmo boa memória...

bonito mesmo foi ver augusto boal,
gritando (ainda e sempre) toda a sua crença no impossível.
bonito essa gente corajosa e romântica de um brasil
sessenta com cheiro de revolução.
porque esse povo parisino de inteligência eloquente,
tem medo de gritar sua dor, seus arroubos de paixão,
de se mostrar frágil e sonhador.

ás vezes me sinto mesmo deslocada do tempo.
porque acredito ainda e sempre,
e procuro nos espaços toda e qualquer forma de amor.

e dentro desse espaço sem tempo que é a minha casa,
hoje ele me trouxe uma vitrola,
coisa de outro tempo,
e enfim eles,
cantaram pra mim!
beatles na vitrola,
me faz pensar em alguém que nunca existiu!

a gente é pra sempre silêncio?

silêncio.

ele nunca mais falou nada.

ele disse hoje que vinha,
e ele vem!
estava assim marcado,
que na primavera amarela de oxum,
ele viria denovo me olhar!

curiosidade de menino...

bistrô francês,
risadas, vinhos,
profiterolis e contenção.
a gente criava personalidades
para o nosso romance inventado.

paris,
encantada paris de encontros possíveis.
paris que me trouxe liberdade,
que contornou minhas formas,
paris que me faz sonhar ainda mais.
paris que me faz mudar.

mudar, modificar, alterar,
gritava boal!
é preciso transformar a nossa sociedade.

eu sei sobre o que ele estava gritando.
e por isso não há outra maneira de ser,
sou um ser do teatro,
e pra aqueles que ainda resta
a esperança de que eu desista,
digo-lhes,
papai mamãe,
c'est encore possible!!!
não vou desistir!

marthinha me ensinou
que sábado é dia de moça charmosa
de águas doces e flores amarelas,
fiz um pedido para essa moça,
e ela me trouxe em dobro,
em triplo,
novos amores...

vou continuar pedindo,
pois tenho mel na boca,
e vontade grande de conhecer o mundo.

enfim,

a maguy,
a gente vai deixar mesmo para outro dia...

afinal, como dizia aquele clássico bem sabido...

quem espera sempre alcança!

quarta-feira, 25 de março de 2009

antes do meio dia

antes mesmo do meio dia.

ela acordara para um novo dia.

e seria até meia noite, noite.

seus passos tortos.

suas mãos a procurar.

olhos silenciosos.

curiosidade e medo.

ela ainda amava o amor.

esse novo dia.

de chuva e sol.

ela era ainda.

espera.

que espera em silencio de chuva.

tempestade.

fingindo ter paciência.

le printemps arrive!

24 mars

antes de dormir,
ela quis acordar pra sempre,

o tempo sempre passa.
passa sempre o tal do tempo!

colocou jonhy cash na vitrola pra cantar u2,
one love one heart,
e esparramou se em palavras de um amanhã.

antes do sinal fechar,
ela perguntou pra ele se ele já tinha amado alguém,
o freio da bicicleta dele gritou alto,
ele já tinha amado,
mas não o suficiente,
ainda via na vida longa a frente,
a possibilidade de amar pra sempre.

ela fazia perguntas
sem pensar na responsabilidade
de adquirir tais respostas,
simplesmente estava curiosa,
queria andar de bicicleta com um novo amigo,
e era bom!
ele tinha mesmo histórias para contar,
e ela ouvidos pra escutar.

tudo funcionava bem,
neste dia ainda frio,
mas já primavera,
ela!

as flores saíram do doce sorriso
que me apareceu na face
quando te vi chegar,
era então prometida sua volta,
eu já a sabia,

ainda fazes em mim,
vontade de beijo
com gosto de eterno,
gozo pra sempre.

ela foi se deitar,
pra acordar com ele,
só depois do meio dia.

ela tinha alguns amigos,

de olhos tristes,
conhecedores de uma grande
e assumida solidão,

amigos pra sempre,
de abraços já feitos,

amigos amantes,
água águada, escorrida,
molhada, me molhava.

que bom que voltaste!

segunda-feira, 23 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

le cinema!

era branca a manhã que amanhecia

Uma nova manhã acordou em mim. E era branca e calma a nova imagem que existia. Espreguiçava seus pedaços e ia aos poucos se colando em minhas formas femeninas. Falava nova língua. Gostava de outros sabores. Mais silenciosa do que a outra que antes me habitava., era a mesma, não fosse o tempo que passava. O tempo que trazia novos horizontes, um pouco mais acima que o habitual. Ao norte, ao centro. De repente chegou em mim esse novo continente. Novos gestos e uma tal liberdade de sorriso largo e outras possibilidades. Me deitei enfim nesta cama branca e calma. E descobri que por vezes é mais fácil e prazeroso dizer sim do que resistir. O tempo leva com ele todo instante do eterno presente. Senhor que nos guia. A verdade que não podemos evitar. O tempo que passa, existe e retorna criando novos mesmos sempre outros. Dádiva. Presente. Era branca a neve que me cobria. Era ainda inverno. Era eu sempre aquela. Um novo eu a cada aurora. Me deitando em camas brancas de novas línguas. Me fazendo pouco a pouco outra. Bailarina. Essa branca paisagem que abraça todo meu corpo, e me diz em silêncio palavras de amanhã que ainda não posso compreender, mas que já as sinto pois pressinto sem mais temer este novo vir a ser. O céu sorriu azul e os meninos continuam a fazer cócegas no meu coração. Os meus sonhos continuam coloridos e os encontros me fazem ainda voar. Que caia a neve toda em serpentinas de um gelado carnaval afrancesado. Vou aprender em silêncio os passos deste samba desajeitado.

a caminho de geneve

Tudo nasce de um único espaço. Um espaço que ainda não existe. Um momento de silêncio, que antecede a primeira palavra, que te diz bom dia e te convida a uma nova caminhada. Antes de virar aquela esquina, a estrada parecia infinita e empoierada . Antes de te ouvir dizer bom dia, as palavars pareciam acabadas. Porque o fim chega sempre e fica ali te olhando com cara de fim. Inexistia. Quando você me disse adeus no último outono todas as minhas folhas caíram. Parei de existir. Cada dia, uma vida a menos nascia em mim. Antes de ouvir o silêncio. Antes de escutar um novo bom dia, antes mesmo de cruzar a nova esquina. Entre novos sorrisos. Travessão. Diálogos. Bom dia ! Eu achei que o não era não. E que o sorriso só existia na lembrança do seu beijo. O eterno é um imenso segundo de prazer ou desespero. O eterno é o novo bom dia que me sorriu em uma nova outra boca minha. E eu disse sim. E acreditei que o sim era pra sempre sim. Se fosse assim. Na última noite em que fui feliz, a lua estava cheia no céu de Paris. As mãos do vento me sopravam doces segredos. E as novas esquinas existiam em todos os quarteirões. Gosto quando posso acordar depois do meio dia. Gosto das novas possibilidades de bons dias ! Mas sei chorar as lágrimas da estrada vazia. E espremo ainda sua ausente presença. Adeus sem dizer bom dia. Existiremos ainda em alguma esquina ? Se tudo ainda fizer sentido. Se antes da primavera existir sempre a mesma dor. Se o inverno for eterno branco silêncio depois do último não. Talvez ainda te encontre no próximo quarteirão. Pra te dizer quem sabe bom dia, boa vida, novos camihos. E vai ver então que tudo mudou. Se vivi tanto a tua espera infinita, aprendi a ver entre o invisivel as formas de um novo dia. Eu que não conhecia a neve e os caminhos de bicicleta, me permiti dançar nesse novo palco a velha canção das tristes partidas daqueles que vão. Eu que tinha tantos sonhos, vim buscar nessas novas esquinas coloridas de gainsbourg todas as paixões ainda possiveis. Olhar em silêncio os olhos, na timidez melancólica do meu sorriso escondido.

quinta-feira, 5 de março de 2009

passos

os passos que ela dava
em direção ao sol
a levavam
cada vez mais para longe
e sua imagem
ia diminuindo
na retina daqueles
que ali ficaram
olhando a moça partir
e ela partiu
sua imagem agora
era lembrança
seus passos corriam
ao desconhecido
sua vida
papel em branco
seria ainda escrita
seu corpo
novo lugar
espaço pulsante
redescoberto
na sua boca
uma nova música
cantava o silêncio
sua mais recente companhia
o rio
corria suas lágrimas
as catedrais da nova cidade
o frio nunca sentido
a primavera tão esperada
a poesia se fazia
sua mais nova amizade
a solidão
lugar de espera
nem ela sabia
o porque da sua partida
e se acreditava já esquecida
por aqueles que ela deixara

será sempre assim?
ir ir ir
mudar mudar mudar
recomeçar
que seja!

não importa a onde a gente vá,

sempre existirá uma nova música a dançar!

quarta-feira, 4 de março de 2009

violetas de paris

podem as violetas ainda romperem as rochas?

de paris...

o inverno parasino vai finalmente chegando ao fim, mas o frio ainda existe em alguns corações. o vento quando venta ainda gela o peito rasgado. mas o dia já se deita algumas horas mais tarde. o sol já começa a acariciar a nossa pele. as árvores ainda são cinzas. as flores da primavera, que aqui não é ela e sim ele, só chegam no final deste mês. será que ele chegará com a primavera? quem é ele? eu também não sei, mas o espero todas as noites em silêncio velado. ainda está tudo muito vazio em mim. mas as cartas disseram, afirmaram, gritaram, que tudo vai melhorar! que tudo vai ficar muito bem! que o sol vai enfim brilhar! então eu acredito. a cada manhã. eu acredito que ele virá. mesmo ainda não conhecendo o seu rosto. ou tendo esquecido, no nosso último adeus, daquele dia de sangue jorrado, começo de outono, adeus atrapalhado. porque ainda sinto a sua falta. porque ainda o guardo no fundo de mim. mas já tirei minha bicicleta da
garagem, e a vida é assim metáfora, como um passeio de bicicleta, onde ou você aprende a pedalar, ou você cai. eu já sei pedalar. e estou aprendendo a cair. e depois a levantar. paris. paris ainda enche meus olhos de poesia. ainda encanta as minhas horas vazias. mas aqui deste outro lado vou percebendo como o frio endurece a alma. sol é sonho sonhado. quando ele aparece é dádiva. o sorriso nasceu em um dia de sol. e os dias de chuva fria foram feitos para dizer adeus. eu dancei o nosso adeus ouvindo a valsa de chopin. eu chorei nas manhãs a sua ausência. e gritei nas madrugadas pela sua presença. mas você não ouviu nada. hoje eu falo baixinho o seu nome, com medo que eu mesma escute esse chamado incessante.

o que vim eu fazer em paris? aprender a andar de bicicleta. foi para isso que eu vim.

queria era mesmo conquistar o mundo. queria alcançar bem longe.
alguém me disse que vai tudo mudar. que o futuro próximo está repleto de muitas mudanças. eu acreditei. quero ver tudo mudar. de cabeça pra baixo. pra cima. quero ver tudo dançar. se a mudança é mesmo inevitável, que ela seja senhora do meu jardim.

seu eu estou triste? eu não sei. talvez esteja um pouco. mas não tem nada não. daqui a pouco o sorriso vem tirar férias em mim. e o amor vai me pegar assim. de assalto. na mais nova primavera. e a vida é mesmo assim. um dia chove e no outro dia bate sol.

o desejo até quando é simples, é espera.
a espera ás vezes angustia o peito.
é preciso saber esperar com alegria.
ainda espero. o sol. as flores. um passarinho.

eu vi tapetes voarem no teatro. eu vi mágicos no palco. eu dançei nas horas escuras. eu oro nas noites caladas. eu agradeço aos santos que me guardam. eu resolvi que eu vou acreditar. nesse tal vir a ser, que aqui será. que as novas e boas noticias estão a chegar. que a poesia vai enfim se esparramar. eu decidi que vou. ali. aqui. acolá. que não paro mais.

a vida? a vida é um grande segredo de uma só palavra.
no peito eu carrego a saudade. da terra. do sol. dos quentes abraços. do colo da mãe. dos olhos do pai. dos amores passados. dos amigos amados. do meu teatro encantado.

no sonho. eu sonho acordada. tudo ainda é possivel. e sempre será. que venha. venha. venha. e me leve. estou aqui. e vou aprender a voar!

domingo, 1 de março de 2009

o sol!

em terras frias talvez o segredo de um sorriso
esteja simplesmente escondido em uma
manhã abençoada pelo sol!

quarta feira de cinzas francesa

quarta de feira de cinzas em paris tem sol

e eu descubro que o sol enche o peito de esperança

é por isso que no brasil a gente sorri muito mais fácil

do que aqui na frança!

regresso

e o esperar se faz ainda senhor das horas

as pergunats são ainda consatantes

as respostas distantes

distantes?

ou se deitam ao meu lado?

caminho...

em mim,

através de mim.

para fora de mim,

para dentro,

em torno...

sinto saudades,

sinto vontades...

ainda queria que ele voltasse,

ainda o espero é bem verdade!

ele?

ainda me quer...

meus senhores,

ele me quer...

me quer!

mas não sabe se vem,

quando vem,

a que horas?

se vem...

então o esperar,

é ainda rei e se deita ao meu lado,

e sorri cruelmente

para este corpo que deseja ardentemente,

este tal regresso,

que tarda,

mas não falha!

amém!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

ô abre alas que eu quero passar!

hoje no brasil é terça de carnaval
e daqui da pra ouvir o meu povo a cantar

ô abra alas que eu quero passar...

hoje em paris
o vento soprou mais frio

fui ver bethânia cantar

senti saudades de casa

ô abra alas que eu quero passar...

e dale dale o carnaval,

a menina parisina
de cores cinzas
agora...

chora a saudade

da bailarina que sambava sozinha no salão!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

ainda não!

a frança é um lugar lento...
tudo aqui se espera...
espero ainda pela minha internet,
em casa!

cheia de coisas na mente,
queria eu poder escrever sempre e mais,
mas mcdonalds e cafe não me inspiram
e não posso aqui descorrer a minha poesia...

ao lado esquerdo duas russas
muita informação,
e não é que o sol chegou!

e paris continua sendo!
linda linda!

em breve volto a despetalar...
tudo aquilo que aqui grita!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

o começo de uma saudade...

A chuva é namorada graciosa da cidade cinza e verde. Ela dança bonita do céu ao chão. Roda como menina. São Paulo é todo meu coração. São Paulo é meu ar de respirar, é em mim paixão! Descobri que São Paulo é verde, e que existe aqui ainda, viva e sorridente, a nossa mata Atlântica, e que Paris é linda mesmo, mas não tem o verde do meu Brasil e nem as árvores selvagens que gritam do solo machucado dessa minha cidade em ebulição.

E veio 2009, novo ano, nova idéia. Chegou calmo em meu coração. Tenho aprendido aos poucos a caminhar no deserto. E aprendi que amor encontrado, é milagre! Estou a espera de uma estrela que caia...

Mas eles, antigo casal, contiuaram se amando para todo sempre. Inventaram um novo jeito, e ainda conseguem exitir com a mesma força de sempre! Eu vou torcer em silêncio por eles... Pra que eles não deixem nunca de ser...

Caminhar no deserto exige fé. Dias a fio. Um tremendo vazio. E o alimento vem de dentro, de algum lugar que eu nem sei. Mas a força fica cada vez mais forte. Não se vai a lugar nenhum sem acreditar. Eu acredito muito na vida, eu acredito muito no amor. Eu amo muito os que eu amo e aqueles que no futuro amarei. Eu nunca deixo de amar ninguém...

Ontem andei pela Avenida Paulista de madrugada, tão bonito... Vou sentir saudades. Estava eu lá e ele. Meu amigo, irmão, com quem posso me sentar e me esvaziar de todas as palavras. Vou sentir saudades dessas conversas eternas que há muito tempo começaram, quando a gente ainda sonhava sem saber o que sonhava, só sabia que sonhava e que aquilo impulsionava. Ainda continuamos sonhando, cada vez mais calados...

Acho que na minha vida todo mundo que passa, passa dançando, girando voltas no compasso de um eterno carrocel...

A vida gira gira gira...

Só faz sentido se agente souber dança-la!

Paris...
É pra onde eu vou mais uma vez partir...
Que história maluca foi essa que eu inveitei com Paris...
Nem eu mesma sei...
Só sei que a amo, e que ela de alguma forma já existe em mim...
É estrangeira desse corpo que dança a saudade...
Saudade é sempre eterna, amor é sempre pra sempre.
Quero amar todos os olhos que se escondem atrás... dos balcões!

Quero amar o meu amor pra sempre!

Meu pai hoje mais uma vez me disse que eu devia largar o teatro, e arrumar uma ocupação e um noivo decente. Eu disse a ele então, que não poderia continuar o jantar, pois ele havia sido mais uma vez muito desagrádavel, e subi para o meu quarto. Acho que ele nem precebe o quanto ele me machuca agindo assim. Também sei que ele não faz isso por mal. Que faz porque me ama. Mas deveria ser um grave pecado tentar matar os sonhos de alguém, mesmo se for por amor e preocupação!

Eu sou uma idealista! Que me alimento de sonhos e causas impossiveis! Eu quero sim tocar o extraordinário! Eu quero morrer pelo teatro. Eu quero amar os amores impossiveis. Ser adulto? É inevitável, por isso eu sou, mas a minha luta é para me manter firme e continuar mesmo que no deserto, a crer.
Fé pura de criança. Mesmo com todos os milagres escondidos, eu acredito e acredito que uma hora de súbito eles me assaltarão e me darão novamente o êxtase dos nobres acontecimentos!

A vida é muito curta, passa rápido e é por isso que eu quero vive-la sem medo!

Sem garantias!

Eu quero aprender a voar!!!

Eu vou!

O resto,
é milagre!

Amém e Feliz ano pra nós!

ás vezes ainda sou exatamente assim...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

a leveza de ser

Um pequeno pássaro branco,
de listras pretas nos olhos
ronda as minhas horas de solidão
Saltitante de um lado ao outro
Trazes em seu constante ir e vir
Leveza outra que há em mim
Que portanto não é conhecida
É nova idéia a ser aprendida
A vida
Pesada que é
Como o mar e suas ondas infindas
De lágrimas brancas salinas
É também plena de meandros
Leves e sútis
Como o saltitar de pequenos pássaros
Que em horas vazias
Nos chegam sorrateiramente
A cochichar doces verdades
Uma nova idéia para sorrir

sábado, 3 de janeiro de 2009

2009!!!

que seja!

amém!

as meninas (julie you can fly!)

as meninas ainda vivem a esperar
alguém que as salve
da sua torre mais alta
de seus medos mais profundos
ainda vislumbram
de olhos entre abertos
o mítico cavalo branco
guiado por seu macho salvador
é preciso lhes contar,
a elas, que se perdem a sonhar
que meninas tem asas,
e podem sozinhas,
lá do alto,
seguir e voar!

raça humana

A raça humana me encoraja!

Ainda sabemos tão pouco de nós mesmos,

Há o mundo...

Por descobrir-me!

a paz

Sensação de paz,
ás vezes estranha,
estranho...
pois há implicíto no sentir a paz,
a certeza do vazio que nos assola.

Sentir-se como um velhinho de meias três quartos,
em um final de tarde de verão,
Traz uma brisa fresca que acalma,
mas gera também um arrepio de pavor.

era eu...

Experimento,
Silêncio.

Que aquieta
Acalma
E espera.

Encontro os meus ossos
Abraço a minha coluna

No silêncio descubro-me outra

A mesma

Antes de ser alguém

Era eu...

De patas ao solo,
Quatro delas,
A fêmea

Também as tive,
E dormia sozinha na floresta.

expectativas

ando guardando meus segredos em mim,
descobri que expectativa compartilhada
gera expectativa dobrada.

você

esperar-te é inevitável,
mesmo distante e longe
de alcançar-te.