sábado, 25 de setembro de 2010

telhados


antenas captando um outro lugar para sonhar
o mar, o tejo, a lingua que me come,
portugal um inicio,
pra te dizer em linguas proprias,
eu sou,
todo esse imenso desconhecido.

Clara em Lençois, Chapada da Diamantina, Brasil

Clara andava sozinha tropeçando em 'gentes',
'Gentes' de todas as cores, novas línguas,
sorrisos, em seu rosto maroto,
Clara fazia assim novos amigos,

Uma menina pequena,
sentou-se aos seus pés,
na praça do vilarejo,
e no meio de tantas montanhas caladas,
perguntou:

De onde você vem?

Clara explicou que vinha de muito longe,
para chegar na sua casa
era preciso atravessar um oceano,
de navio ou de avião,

A menina então ficou imaginando,
com olhinhos curiosos,
Clara continuou,
Venho de outro país,
chama-se França,
eu venho de Paris,

A pequena,
que de Paris nunca tinha ouvido falar
se inquietou,

E tem mar la moça?
Não, não tem mar...
E tem lago?
Não, não tem lago...
Ah... hum... e tem rio?
Sim, tem rio!
É! E você toma banho de rio então?
Ah... não, não tomo banho de rio,
o rio de Paris é muito sujo...
...
Que triste moça...

é, você tem razão...
que triste morar em Paris...

domingo, 12 de setembro de 2010

rosa

de tantos apartamentos
perdidos em janelas
sobrevôo cidades

buzinas são flores
que chegam antes da madrugada

acendo a luz
encontro outras janelas
de luzes acesas,
ou apagadas

abafo o ar na minha boca
não sai nada
o grito é mudo
e engole por dentro

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

noiva em alto mar

em terras brasilinas
verdes amarelas,
paulicéia desvairada,
horas no congestionamento
da cidade grande,
correndo correndo
de um canto ao outro,
eu que me sinto
cada vez mais
no meio,
entre aqui e la,
noiva em alto mar,
atlântico imenso azul
que me separa
entre dois amores
mon pays e paris
j'ai deux amours
e um grande amor
que me toma a alma
o corpo, olhos, mente
suspiro!

em são paulo
tenho saudade as vezes
daquilo que nem vivi
porque pertenceu a uma outra época
longe de mim...
em são paulo os asfaltos sao irregulares
os feirantes mais animados dos que os de paris
quem vai querer quem vai querer
olha o melão, o tomate, a moça bonita que passa,
em são paulo amigos, casa, familia
as vezes da até saudades da solidao de paris...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

na alemanha do leste

ontem fomos fazer uma caminhada na floresta, com um lago, e choveu bastante no meio do caminho, mas fizemos uma boa colheita de cogumelos, tinha cogumelos de todos os tipos, impressionante... e depois, a noite, fizemos um torneio de ping pong!!!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

lagrimas latinas

fomos massacrados.
caindo no campo, um a um.
de azul, em listras, em céu anil, em esperança,
não restou nenhum dos nossos sonhos,
atravessamos um oceano de latinas lágrimas,
de volta para casa,
sensação de esperança roubada,
sensação de impotência,
impotência de uma beleza rara,
das pernas que dançam,
da raça dos que tem menos
da vontade dos que querem mais!
um, dois, três, quatro,
frieza e objetividade,
destruindo os chicos de diego,
caídos no palco verde de um sábado a tarde,
noite de terça,
mais um dia em que não se fez américa,
mais uma luta perdida,
de vitória alaranjada,
esbranquiçada, feia e sem graça,
ausência de milagres,
a gente só queria fingir
que quem vem do lado de la (de ca)
é mesmo mais feliz,
não é...
não é?
vamos vamos vamos!!!
hermanos! de azul! em coro!
vamos embora pra casa...
que a dança, a beleza, a esperança,
os ares de vitória, de uma grande mudança,
dessa gente latina, desse imenso sul azul...
hoje acabou-se... em gritos laranjas,
sem molejo, sem graça, sem samba
choremos então unidos,
nesse tango infinito,
brindamos em gritos, soluços
a nossa derrota latina!

sábado, 3 de julho de 2010

24 avril 2010



em azul

mergulho em azul
inteiro corpo
afundado em ondas
silenciosas,
faz calor
daqui donde estou
a contemplar este azul...

me acontece

quando o silencio grita
e nada acontece no mundo
é a chuva que vem poderosa
em sua ira, me dizer que,
acontece em mim,
dentro de mim
essa suspensao de sentidos
diante da grandeza
de uma imagem...

para os meus canarinhos

ainda bem que tem sempre um disco dos beatles na estante
assim, comme ça, ajuda a sorrir, quando a gente tem vontade de chorar,
porque é sempre triste quando a gente não pode mais jogar
em paris 40 graus,
laranjas feios com a bandeira francesa ao contrario
espantavam os canarinhos
que diziam: "eu não sou daqui, eu não tenho nada,
quero ver IRENE dar sua risada,"
Irene hoje chorou no canto da sala ao som do yellow submarine de outros sonhadores...
(outro tempo, outras utopias)
nesta tarde quente e enfumaçada entre outros canarinhos de olhos aguados
cantavam daqui de longe um hino de saudades à pátria amada..
eu não sou daqui... eu não tenho nada,
(pero restam los hermanos,
que sejam eles então)
aqui faltam amigos,
verdes amareles...
e vai continuar esquentando
neste verão europeu
de pouca chuva
um dia de derrota,
passeio de volta
bicicleta e vento,
salve salve!
meu país amado,
que enche esse peito de saudades!
vamos ver IRENE dar sua risada!!!

sexta-feira, 26 de março de 2010

sumiço

as minhas palavras sumiram de mim...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

praça da consolação

estava eu consolada,
estava eu a precisar
de consolo,
aquela tarde,
fim de um dia,
mais um dia
em que a chuva em mim
caía,
eu que gritava
desconsolada
nesse pedaço de mundo
molhado,
estava...
eu, ele,
e tantos carros que passavam,
gritando um grito desesperado
esperança esperançada,
ficaram lá onde estavam,
desconsolados.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

espelhos...

espelha-te assim espelho,
os meus segredos?
escancarou-me entre a fumaça clara
e o rosa dos meus dedos,
me deixou sem cigarros,
um sorriso nascido,
quase partido,
tremor nas palpebras,
revelou-me assim,
luiz,
de olhos que não eram os meus.