quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

la petite papilon

ele não veio...

este ano no natal
ele não veio me ver
foi a chuva! culpa dela!
que chorou suas lágrimas sem parar...

este ano são paulo não era paris
e depois de cinco anos ao lado dele
foi um vazio que sentou ao meu lado na hora da ceia

culpa da moto nova dele
da falta de dinheiro
da minha fuga francesa

já não somos mais...

e somos tanto...

somos até mais que mais...

porque o pra sempre agora
é agora pra sempre sempre

ele ainda me ama
e eu o amo ainda

e na falta e no vazio
afirmo o tal ditado

amor quando é amor
é para sempre e é eterno!

viva viva essa tal eternidade do amar!

pedido para os anjos do natal

este ano coloquei no correio
desejos secretos
para o outro lado do oceano
e pedi aos meus anjinhos
que carregassem com amor e cuidado
esta parte que de mim parte
e que os desejos desejados
se realizem na força da vontade

se quero o muito
quero tudo e muito mais
e abro os braços e o coração
para poder bem alto voar...

que venha vida ó vida
a me levar,

mil vezes ou mais estou pronta para me doar!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

emilio e maria lucia

plagiando mister allen

alice: com quantas mulheres você já transou?
joe: o bastante.
alice: ah é? puxa...
joe: oh yes! mas nenhuma delas queria ser freira como você...

tempo e retrato

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

nova fase

o silêncio em mim
inaugura nova fase

é presença sentida
no meu espaço vazio

a poesia tem agora
novas palavras de
um silêncio que
arranha minha pele
ferida

que é presença
preesentida
e ainda esperada...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

uma nova janela para abrir e olhar o mundo



foto.flávialorenzi.parisruedubac1102emeetageadroite.08

esse cheiro de coisa sem nome

e então
era agora esse cheiro de mar
em plena cidade aberta
esse cheiro de alcool
em mais uma manhã cinza pálida

e procuro incessantemente
algum tipo de significado
significância
por que não existe algum
e eu estou cansada demais,

enfim
era assim esse cheiro de flor
que vinha do cemitério ao lado
de violetas de mortes passadas
e amarelo de um novo amanhã

e qual seria esse meu talento
e onde estaria esse meu amor?

novo amor
vem logo me encontrar
o vazio me afoga
e eu nado nada
nas suas correntes frias de ar

sou quem?
pra quem?
a que horas?
em qual estação?

mais uma manhã fria em são paulo

em paris

ainda chora um inverno gelado

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

você...

estranho seria se eu não me apaixonasse por você...

a manhã

sutileza e delicadeza são duas fadas da madrugada
a cidade é cinza branco de uma melancolia latina
acordar pra dentro é sonhar acordado
sou muito mais larga e espaçada
não me encontro mais nesses contornos
sou uma fada caída sem asas
estou procurando...

sutileza



foto.flavialorenzi.muséegustavmonreau.paris08

delicadeza



foto:flavialorenzi.museugustavmoreauparis08

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

minha são paulo

em são paulo

tudo corre

na mesma direção

eu aqui

sou eu

mais do que em qualquer outro lugar

minha casa

é cinza e feia

nasci aqui

e amo

amo são paulo

terra minha

estavam ainda todos aqui

nos mesmos lugares

e pude percebe então

parte minha que aqui ficou

e ficou

existindo

em outros corpos

que me esperavam...

eu continuei

cinza branco triste

enfim

como vou fazer pra denovo partir?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

...

ainda continuo com muito de morrer...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

la nege

na terra de sartre e simone, ontem lá do céu, choveram flores brancas de papel
o frio traz a neve, e enbranquece de melancolia as ruas gélidas de lutece.
meus olhos de criança, olharam pela primeira vez, a beleza lúdica de um choro
brando e branco que o céu despeja quando o vento congela e corta as entranhas dos homens que aqui embaixo caminham pela vida...

eu vi a neve ontem com um sorriso de criança no coração...

eu chorei as horas em que ele não veio,
e chorei todos os telefonemas que ele não fez...

eu teimo ainda (e sempre) em acreditar no amor.

a felicidade é busca de cada passo dado...

sorriso que surge do mesmo lugar que surge a mais sentida lágrima.

eu aceito. eu afirmo. eu caminho.

aqui nesta terra onde sou estrangeira, aprendo a olhar, a falar, a pensar.

aqui nesta terra estrangeira, da onde vejo de longe aquilo que é meu,
aprendo a afrancesar um pouco os gestos languidos das minhas mãos...
procurando novas maneiras de falar palavras e escrever as linhas...

sou aquilo que sou...
ás vezes tão dificil de ser,
ser mulher, estar só, conhecer a neve,
tantos novos amigos e lugares e possibilidades...

ainda pedalo a minha bicicleta, e o vento gela a minha alma
me sinto viva!

queria me deitar com picasso...

simone e sartre...

e inventar romances e cantar gainsbourg...

e escrever poesias de rimbaud...

e voltar no tempo para ver 68 acontecer...

e mais ainda...

para ver os romantistas revolucionarem...

e fumar ópio com baudelaire...

ontem em paris a neve caiu do céu como flocos de papel...

e o meu caminho está cheio de anjos...

e o meu sorriso cheio de flores...

mas ele... ainda não veio me aquecer...

talvez eu o esqueça...

por que o tempo leva nele...

tudo aquilo que muito se espera...

as flores em paris estão em silêncio adormecido...

as folhas caíram todas no chão, que ficou amarelo triste de tanto choro chorado,

é tempo de recolhimento,

de deitar em camas mornas de melancolia,

mas eu gosto do cinza parisino,

das suas pontes que atravessam as águas do sena...

da linda e branca notre dame...

das livrarias... e dos chapéus das moças...

é tempo de espera,

a primavera é o novo lugar,

em que eu espero sonhar...

quero amar,

todos aqueles em que eu reverberar...

quero romper, quebrar, facetar... multifacetar

a imagem conhecida, pré concebida...

quero me reconhecer...

quero conhecer tudo de novo,

reaprender a sentir, a amar, a chorar, a estar...

a cada passo dado... uma vida vivida...

eu sou aquela que eu sou.

que olha e sente e ama e chora e pensa e fala.

eterna estrangeira de mim mesma,

passeio dentro de mim e dos meus pensamentos,

paris sou eu.

o desconhecido é o meu próprio corpo,

território sempre vasto,

para ir sempre além,

na busca de redescobrir-se...

para poder perder-se

e assim nunca saber...

e sempre se surpreender...

por que ás vezes no céu...

as lágrimas são brancas...

e no café da esquina...

um novo sartre e uma nova simone...

e cores de picasso inspiram...

e um novo amor que canta, surgirá enfim...

ah! a primavera... que sonha todo o meu corpo...