quarta-feira, 30 de abril de 2008

quatro horas da manhã!

as horas tem me roubado o sono
de noite, já não sei mais...
como se fecham os olhos...

não sei escrever frases curtas...
uma palavra me leva a outra...
são muitas... tantas...
como eu, que me desenrolo em outras...
tantas... horas... que me tomam...

a tarde escureceu...
o céu azul anil ficou
cinza pálido pesado
metrópole...
são paulo.

de repente,
um malabarista e suas tochas de fogo
me hipnotizam...
e penso em paris...

na menina que ia...
voar borboleta,
na primavera francesa...


paris um sonho...
a ser vivido
le rêve!

eu...
sou a realidade concreta de suas esquinas...
a deselegância desajeitada...
a insônia paulista.

alguém roubou o meu sono.
já não posso mais existir,

assim.

sou pó.
poeira espalhada...
que dança chorando,
a dor que corta o meu peito...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

ô balance balance



ô balance balance
quero dançar com você
entra na roda morena pra ver
ô balance balance...

que balançou balançou...
o vento passou e levou...
e assim quando vi,
acabou...
a dança no salão.

o salão ficou vazio.
confetes e serpentinas,
e uns pedaços de coração...
que foram varridos,
pra fora do salão...

mas corações são só corações...
estão a venda, em qualquer esquina!
o meu não!

e balançou balançou...
e já não era mais corpo concreto...
eram pedaços espalhados...
sobras, rastros, quase nada.
nada.

e quando chegar o nada,
que bom seria,
dormir e acordar!

voltar a enxergar...

vou tomar banho de chuva,
fazer reza forte pra saravá!

atravessar a rua,
seguir o caminho,
caminhante,
que sou.

forças,
irei busca-las,
estão me esperando!
já me convocaram.

estou aqui!
estou pronta!

ô balance balance...
quero dançar até morrer...
no meio da roda sem mais nem porque
no balance balance.

que deus abençoe caminhos!

e aqueles que buscam

e não encontrarão.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

three little birds!

minha mãe sempre achou que quando eu crescesse eu fosse tomar muito café!
mas eu não tomo café, quase todo mundo que eu conheco toma muito café, mas eu não,
por que me da muita dor de cabeça e ataca o meu esofago.
minha mãe pensava isso por que quando eu era pequena pequenina, esperava todo mundo sair da mesa e ia de xicara em xicara tomando os restinhos de todos os cafezinhos, adorava sentir aquele gostinho, era gosto de vida de gente adulta, que eu achava que era o máximo ser gente grande, eu tinha certeza que a vida seria bem mais legal e que de certa forma eu teria tudo que quisesse, como achava que todas as crianças grandes que eram adultas tinham, afinal de contas elas tinham plena autonomia para fazer as escolhas certas. pois é... não é bem assim não é mesmo. a liberdade de escolha é o nosso maior desafio, poder ir e vir, por nós mesmos...
quem vai? quem fica? quem escolhe? o que escolher?
... joga joga amarelinha, corre cotia na casa da tia, adoleca!!!
era mais fácil ficar tomando cafezinho nos restinhos dos grandes seres humanos que tinham tudo. mas a gente cresce e cresce rápido... e continua tão pequeno...
nem sei...
sei que ontem teve um terremoto... a terra se mexeu!
acho lindo quando a natureza se espreguiça.
também gosto de dançar nas festas a noite!
e voltar com o dia amanhecendo, e fazer lanchinho... comer bisnaguinha com requeijão e bolacha de chocolate, sem cafezinho.
gosto de ir ao cinema também, principalmente quando o Jude Law faz o filme!!!
não existe nada mais lindo do que aquele moço grande na tela, ah se ele soubesse que eu existo...
gosto de ver filme que faz a gente chorar pra lavar a alma!
descobri que gente de teatro sabe fazer festa boa e como diz um amigo meu, sabe fazer turma!!!
super fantástico do balão mágico, o mundo fica bem mais divertido!!!
eu? eu não sei se vou ou se fico...
ou se compro uma bicicleta.
pegar carona nessa cauda de cometa e ver a via láctea estrada tão bonita...
eu quero é que a vida me arrebate! to de coração aberto! que abram os caminhos... eu quero passar!!!
que seja seja aquilo que tiver que será será o que tiver que ser e sempre foi!

don't worry about a thing, 'cause every little thing is gonna be alright, so sing!

terça-feira, 22 de abril de 2008


here comes the sun tchururururururururrurruru!!!!

reticências

então vamos!

atravessar a rua...
pode ser mais fácil do que pensamos,
e mais difícil do que queremos...

a moça do filme atravessou a rua,
e mudou... o rumo...
e voltou... pro prumo...

e por que eu carrego tantas reticências?

...

em cada uma delas há o espaço da espera...

assim assim

ah...
se ela falasse francês...
e fosse assim, assim...

ah...
se ela aparecesse pra mim...
e fosse assim, assim...

e se rodopiasse...
e sem os pés no chão...
viesse voando assim, assim...

ah...
se ela fosse ela...
aquela... que sozinho,
eu pintei pra mim...

assim, assim...

que c'est tres charmouse une fille que parle française...

ah...
se ela ficasse aqui...
e não fosse partir partir...

eu mesmo ficava também
tão bem por aqui...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

alguém pra olhar por nós!


quando não há mais nada,
nada há...
tudo acaba...
nada acaba...
tudo continua...
a morte não é fim,
a morte é caminho...
para um novo...
lugar!
que sei eu? nunca morri...

deus... ás vezes mente...

ele já mentiu pra você?
pra mim já!
por que ele disse que ficava sempre a me olhar,
pra sempre, como se eu fosse assim... especial!
mas era mentira dele...
deus ás vezes se esquece de mim!
esquece sim que eu sei!
ás vezes ele cochila durante dias que parecem anos e se esquece de mim,
e de você também, sabia?

deus ás vezes se esquece de todos nós!

descobri que ás vezes fico tão esquecida que até deixo de existir...
e nessas horas acontece um vazio imenso, mas uma coisa boa também...
se deus se esqueceu de mim e eu já tô quase invisível,
então posso fazer...

pecados!

pecados que são sempre tão errados, mas tão necessários...
pra gente que é humano virar gente de verdade e parar de achar que é santo por que ser santo é uma raridade!

o caminho depois da morte,
é só o dia de amanhã,
como este que foi hoje...
pelo menos eu acho assim...
mas ninguém me contou isso não, foi eu que descobri.


sabe que tem gente que não gosta de mim?
que me acha feia muito feia...
que me acha suja, feia e até horrorosa...
eu fico triste... por que não sou assim...
mas ás vezes, quando deus me esquece faço coisas ao contrário,
mas não faço coisas más... por que sou uma menina de bom coração...
mas as coisas ao contrário vão me mostrando aos pouquinhos o mundo dos homens,
que já não são mais menininhos...

já não sou uma menininha...
cresci rápido, parece que foi ontem, assim minha mãe sempre diz,
"como crescem as raparigas deste novo século..."
mas ainda sonhava até pouquinho sonhos de menina menininha...
hoje já não sonho mais...

deus se esquece fácil das meninas...

achei que a felicidade seria fato...
uma amiga me disse que é a gente que foge da felicidade,
que a gente se sabota!
será que eu fiz isso?
será que eu não quis ser feliz?
será que eu não sou feliz?
sou sim!
eu sou... feliz... um dia sim... outro não...
ás vezes choro doído, ás vezes choro feliz, ás vezes nem choro.
ás vezes deus se lembra de mim.
ás vezes sim.
assim.
de mim.
de ti.
de todos nós!

terça-feira, 15 de abril de 2008

madrugada

ah...
madrugada companheira,
grande amiga dessa que lhe fala
e lhe suplica um alento verdadeiro,

ah...
madrugada companheira...
é preciso ter cautela,
ficaram preocupados com as
minhas palavras!

acharam elas muito triste!
ora veja, triste!
sim eu sou,
assim assim...
desde que me vi,
a tristeza é grande companheira,
assim como a dama de branco que se chama
madrugada, a tristeza é a menina
de titi cor de rosa e coroa de lantejoula prateada
que não sabe dançar...

sou assim mesmo,
por que o triste também é bonito,
e vivo nele sem tristeza,
pois me alimento desse pranto e
rodopio nas horas que me tiram a voz,

sou sorriso velado
e vivo na intensidade das horas...

vago pelos sonhos secretos da madrugada...

sou meio bruxa,
borboleta...

sou meio de mentira,
meio de verdade,
mas sou inteira...

existo,
mas ás vezes desapareço.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

imagem embaçada


a imagem embaçada no espelho envelhecido, era dela
o amarelo era o tempo passado, que tornava a invadir
o presente vazio, que era metade passado presente
futuro que virá para acalmar aquele corpo
que agora vagava pelas horas vazias

os que viam,
lamentavam,
o vazio incomodava,
era preciso inventar logo
um sentido,
um sorriso,
um nome para aquela dor...

e a beleza já não iluminava mais a imagem que outrora fora
luz.

era agora,
imagem retorcida,
em labuta,
constante transformação.

dias que nunca acabam,
noites que invadem madrugadas,
a pensar,
a tentar reconstruir uma
nova imagem...
a procurar um novo sentido
para ser denovo
um ser...
que já não era...

andava diáfana pelos dias que corriam e lhe roubavam a fé.

á venda nas bancas!

eles estão vendendo remédios!
eles estão vendendo a felicidade,
embalada em saquinhos plásticos!
uma porção equivale a:

15 sorrisos felizes,
um suspiro de amor,
uma dose de endorfina,
e outra de adrenalina!

eles estão querendo comprar a nossa dor!
eles estão dizendo que a felicidade pode ser sua,
se você quiser!

ser.

domingo, 6 de abril de 2008

acorda deus!



já não tenho mais espaços, espalhei-me feito água. desidratei em água salgada que brota dos olhos puxados que conferem a mim feição de ser humano. mas já não sou ser. sou só pedaços. que esparramam a água que brota da minha dor.

achei em algum momento que deus poderia me salvar, mas um palhaço por fim me contou, que há muitos anos deus foi dormir e não mais acordou. então o mundo ficou assim.

e eu sem casa, sem lugar, ás vezes quero falar com deus. mas me lembro da verdade que o palhaço me alertou e deixo o choro baixinho, porque se deus acorda assim com esse choro de menina pode sim querer matar-me.

mas antes de deus existem os anjos, então peço baixinho a esses doces menininhos que me arrumem um caminho, pois perdi a direção. ando tonta tontinha, ando água sem razão. perdi meus amigos. meu lar. meu coração. em troca de um punhado tão pouquinho, que dê longe parecia ouro, mas de perto nem pó de pirlim pimpim era. era nada assim. tão nada, tão duro, que fiquei sem caminhos, sem ninhos, sem carinhos.

aí fui ficando pequinina. e chorando a cada dia. de repente era eu mais água do que carne e fui então me espalhando, me deixando aos pouquinhos, porção de lágrimas que me molham, me deixando aguada... sozinha. sozinha.

talvez assim deus acorde assustado e afogado!
e perceba que se esqueceu de muita gente que virou pranto de tantas faltas.

e dizem que deus concerta tudo.
quem sabe ele não concerta esse meu caminho.
quem sabe eu não viro mar! mais bonito que eu nem sei.
viro mar e me esparramo. viro força e viro onda, viro espuma e sorriso.

quem sabe...

será que a felicidade nunca mais vem me visitar?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

circunferência da dor

desespero desesperada e dou voltas e mais voltas na minha longa cabeleira que contorna meu corpo atordoado. adoeço. porque há de haver conjunção entre corpo e mente. tudo dói. nada sai do lugar. até quando? até quando então. te espero. te encontro. reencontro. espero e caio. não tente me desvendar. verás que nada há. sou terra. funda e escura. profunda. sem saberes. sentires somente. sou fada. e espero a chuva cair do céu. para que me renove. me cure. me amanheça. um novo. um outro. outra. que já não sou mais eu. que já não sou aquela. espaços. e dores. quando não se é, nada se tem. a mim muito me falta, pois nada tenho e o sou não é. adoeço para sentir na carne a dor que não tem cara. não tem pudor. tento tirar tudo do armário e quando consigo me afogo sem cessar em minhas múltiplas palavras. muitas. sem sentido. então alguém me chama. me interrompe. uma voz. denovo ele. e eu não consegui dizer aquilo que vim a dizer. só me enrolei mais, nesse caminho. sem cessar. sem respirar. onde vou parar?