o inverno parasino vai finalmente chegando ao fim, mas o frio ainda existe em alguns corações. o vento quando venta ainda gela o peito rasgado. mas o dia já se deita algumas horas mais tarde. o sol já começa a acariciar a nossa pele. as árvores ainda são cinzas. as flores da primavera, que aqui não é ela e sim ele, só chegam no final deste mês. será que ele chegará com a primavera? quem é ele? eu também não sei, mas o espero todas as noites em silêncio velado. ainda está tudo muito vazio em mim. mas as cartas disseram, afirmaram, gritaram, que tudo vai melhorar! que tudo vai ficar muito bem! que o sol vai enfim brilhar! então eu acredito. a cada manhã. eu acredito que ele virá. mesmo ainda não conhecendo o seu rosto. ou tendo esquecido, no nosso último adeus, daquele dia de sangue jorrado, começo de outono, adeus atrapalhado. porque ainda sinto a sua falta. porque ainda o guardo no fundo de mim. mas já tirei minha bicicleta da
garagem, e a vida é assim metáfora, como um passeio de bicicleta, onde ou você aprende a pedalar, ou você cai. eu já sei pedalar. e estou aprendendo a cair. e depois a levantar. paris. paris ainda enche meus olhos de poesia. ainda encanta as minhas horas vazias. mas aqui deste outro lado vou percebendo como o frio endurece a alma. sol é sonho sonhado. quando ele aparece é dádiva. o sorriso nasceu em um dia de sol. e os dias de chuva fria foram feitos para dizer adeus. eu dancei o nosso adeus ouvindo a valsa de chopin. eu chorei nas manhãs a sua ausência. e gritei nas madrugadas pela sua presença. mas você não ouviu nada. hoje eu falo baixinho o seu nome, com medo que eu mesma escute esse chamado incessante.
o que vim eu fazer em paris? aprender a andar de bicicleta. foi para isso que eu vim.
queria era mesmo conquistar o mundo. queria alcançar bem longe.
alguém me disse que vai tudo mudar. que o futuro próximo está repleto de muitas mudanças. eu acreditei. quero ver tudo mudar. de cabeça pra baixo. pra cima. quero ver tudo dançar. se a mudança é mesmo inevitável, que ela seja senhora do meu jardim.
seu eu estou triste? eu não sei. talvez esteja um pouco. mas não tem nada não. daqui a pouco o sorriso vem tirar férias em mim. e o amor vai me pegar assim. de assalto. na mais nova primavera. e a vida é mesmo assim. um dia chove e no outro dia bate sol.
o desejo até quando é simples, é espera.
a espera ás vezes angustia o peito.
é preciso saber esperar com alegria.
ainda espero. o sol. as flores. um passarinho.
eu vi tapetes voarem no teatro. eu vi mágicos no palco. eu dançei nas horas escuras. eu oro nas noites caladas. eu agradeço aos santos que me guardam. eu resolvi que eu vou acreditar. nesse tal vir a ser, que aqui será. que as novas e boas noticias estão a chegar. que a poesia vai enfim se esparramar. eu decidi que vou. ali. aqui. acolá. que não paro mais.
a vida? a vida é um grande segredo de uma só palavra.
no peito eu carrego a saudade. da terra. do sol. dos quentes abraços. do colo da mãe. dos olhos do pai. dos amores passados. dos amigos amados. do meu teatro encantado.
no sonho. eu sonho acordada. tudo ainda é possivel. e sempre será. que venha. venha. venha. e me leve. estou aqui. e vou aprender a voar!
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