segunda-feira, 19 de novembro de 2007

processo



de luas, desatino e aguaceiro
todas as noites que não foram tuas.
amigos e meninos de ternura

intocado meu rosto-pensamento
intocado meu corpo e tão mais triste
sempre a procura do teu corpo exato.

livra-me de ti. que eu reconstrua
meus pequenos amores. a ciência
de me deixar amar
sem amargura. e que me dêem

a enorme incoerência
de desamar, amando. e te lembrando

- fazedor de desgosto -
que eu te esqueça.

HILDA HILST

Um comentário:

Mariana Azevedo disse...

Um amor que é só meu


Amiga
Nem sei como lhe diga
Essa ternura antiga
De repente doeu
Perdoe
Eu sei que não devia
Mas da noite para o dia
O amor aconteceu

E embora doa
De uma dor dilacerante
É um amor tão amante
Tão sozinho se deu, sou eu

Quem sabe
Que mesmo contra tudo
Que forçado a ser mudo
Foi o amor que nasceu
E me deu tanto
Fez as coisas tão mais belas
Abriu tantas janelas
Tudo reverdeceu, e eu, amiga
Lhe sou tão obrigado
Mas não tenha cuidado (mas não há de ser nada)
É um amor que é só meu

Vinivius de Moraes