sexta-feira, 16 de novembro de 2007

inútil dormir que a dor não passa


imagem: baskerville
texto: f.l.


chuva que não passa. madrugada solitária.ela tenta procurar ajuda.inútil dormir que a dor não passa.ela já morreu muitas vezes.e inventou de renascer outras tantas.cansou de esperar o vento mudar.comprou passagens. fez as malas. foi atrás de novos ventos. mas a tempestade a perseguia.inútil dormir que a dor não passa.era um corpo ferido e amputado.a procura de um reflexo no espelho.uma nova realidade.nada mais florecia naquela primavera.o seu jardim fora amputado. sua terra estava seca. os seus olhos molhados. todos os seus laços rompidos. todos os seus amigos partidos. ela havia sido apresentada a solidão. a concreta solidão. arrumava desculpas. botava vestidos. ás vezes perfume. ligava o carro. fumava cigarros. sentava nos bares. trocava olhares vazios. se cansava de si mesma. se deitava solitária. inútil dormir que a dor não passa.

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