domingo, 6 de abril de 2008

acorda deus!



já não tenho mais espaços, espalhei-me feito água. desidratei em água salgada que brota dos olhos puxados que conferem a mim feição de ser humano. mas já não sou ser. sou só pedaços. que esparramam a água que brota da minha dor.

achei em algum momento que deus poderia me salvar, mas um palhaço por fim me contou, que há muitos anos deus foi dormir e não mais acordou. então o mundo ficou assim.

e eu sem casa, sem lugar, ás vezes quero falar com deus. mas me lembro da verdade que o palhaço me alertou e deixo o choro baixinho, porque se deus acorda assim com esse choro de menina pode sim querer matar-me.

mas antes de deus existem os anjos, então peço baixinho a esses doces menininhos que me arrumem um caminho, pois perdi a direção. ando tonta tontinha, ando água sem razão. perdi meus amigos. meu lar. meu coração. em troca de um punhado tão pouquinho, que dê longe parecia ouro, mas de perto nem pó de pirlim pimpim era. era nada assim. tão nada, tão duro, que fiquei sem caminhos, sem ninhos, sem carinhos.

aí fui ficando pequinina. e chorando a cada dia. de repente era eu mais água do que carne e fui então me espalhando, me deixando aos pouquinhos, porção de lágrimas que me molham, me deixando aguada... sozinha. sozinha.

talvez assim deus acorde assustado e afogado!
e perceba que se esqueceu de muita gente que virou pranto de tantas faltas.

e dizem que deus concerta tudo.
quem sabe ele não concerta esse meu caminho.
quem sabe eu não viro mar! mais bonito que eu nem sei.
viro mar e me esparramo. viro força e viro onda, viro espuma e sorriso.

quem sabe...

será que a felicidade nunca mais vem me visitar?

Nenhum comentário: